Para invadir o corpo humano, cada tipo de vírus escolhe uma porta de entrada, de modo que, para combatê-los, o corpo também produz diferentes anticorpos. O tétano, por exemplo, ataca o nosso corpo pelo sangue, mas a pneumonia avança melhor pelos pulmões. É por isso que existem tipos diferentes de vacinas: para estimular a produção de um (ou vários) anticorpos específicos para cada doença. É pensando nessa dinâmica do organismo que estão sendo desenvolvidas novas gerações de imunizantes, como o spray nasal, tido como um importante reforço às vacinas aplicadas por via intramuscular, em desenvolvimento na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em conjunto com a USP, Incor e Butantã.
“As vacinas que atualmente são aplicadas no braço estimulam a produção de anticorpos dos tipos IgM e IgG, que circulam livremente no sangue e no plasma. Elas são muito eficazes no combate ao vírus e, sem dúvidas, são grande responsáveis pela queda no número de internações e de óbitos, mas ainda enfrentam o desafio de barrar a grande capacidade de transmissão. É nesse aspecto que entram as chamadas vacinas de segunda geração, como as de spray nasal”, explica a Daniela Santoro, imunologista e docente da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (EPM/Unifesp).
Para combater as doenças respiratórias, os anticorpos ideais são os do tipo IgA, produzidos nas mucosas, presentes em grandes quantidades nesses locais e muito mais específicos para atacar patógenos como, é o Coronavírus.
“As novas vacinas devem atuar como mecanismos de defesa nessas portas de entrada, reforçando o que o nosso organismo já faz de forma muito inteligente. Os estudos caminham nesse sentido e acreditamos que essa nova geração de imunizante seja capaz de frear a transmissão do vírus, com potencial para conter a pandemia”, conclui Daniela.