Tavi pode ser alternativa à cirurgia em novos grupos de pacientes com estenose aórtica

Resultados de estudos publicados e apresentados durante a sessão científica anual do American College of Cardiology (ACC) comprovaram que mesmo pacientes de baixo risco cirúrgico poderão se beneficiar do implante transcateter valvular aórtico, procedimento conhecido como Tavi (do inglês transcatheter aortic valve implantation). Esse é um avanço significativo para o tratamento da estenose aórtica, doença cardiológica que atinge, principalmente, pessoas idosas, de ambos os sexos, acima de 70 anos.

A estenose é uma doença progressiva e ocorre quando há calcificação da válvula aórtica, o que faz com que ela não se abra corretamente e dificulte a circulação sanguínea. “Sem a quantidade de sangue adequada para suprir as necessidades metabólicas do organismo, o paciente habitualmente apresenta os sintomas característicos da estenose, que são: falta de ar, tontura, desmaios e dor no peito”, descreve José Armando Mangione, cardiologista intervencionista e coordenador do Núcleo de Cardiologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Até a chegada do Tavi, a única opção de tratamento era a cirurgia, mas muitos pacientes não podiam ser operados. “Como se trata de uma população mais idosa, há risco elevado para a troca de válvula por meio da cirurgia tradicional, pois, além da estenose, geralmente esse paciente apresenta fatores agravantes como complicações ateroscleróticas, renais ou pulmonares”, explica o médico.

Além de beneficiar pacientes cuja operação seria contraindicada, ao ser comparado com a cirurgia o Tavi oferece algumas vantagens, que vão desde a possibilidade da realização de um procedimento minimamente invasivo até os resultados posteriores. De acordo com o especialista da BP, a intervenção tradicional leva em torno de 4 horas, o período de internação hospitalar pode chegar a 10 dias e a recuperação pode ser mais difícil. “No Tavi o implante é realizado em até 2 horas e tem um índice menor de complicações. O procedimento é menos invasivo e a recuperação é mais rápida. Tanto que o paciente, ao sair do hospital, retorna mais cedo às atividades habituais”, diz o médico. Além disso, em centros com melhor infraestrutura o paciente normalmente é apenas sedado, não requer o uso de sonda vesical e também não chega a ser entubado.

Tavi no Brasil

O primeiro procedimento Tavi foi realizado pelo médico Alan Cribier, na França, há 16 anos, mas o implante só foi adotado na prática clínica em 2007. Segundo José Armando Mangione, a BP atendeu os primeiros casos já no final de 2008 e, desde então, os dispositivos implantados foram aperfeiçoados e são ainda mais seguros.

A maior evolução citada pelo médico da BP é que o implante se mostrou eficaz também para outro grupo populacional: pacientes com estenose aórtica com baixo risco cirúrgico. “E há dados que mostram resultados superiores e/ou semelhantes à cirurgia em termos de mortalidade”, lembra Mangione. Apesar das vantagens, o número de pacientes que passam pelo procedimento no Brasil ainda é pequeno se comparado aos demais países: aqui foram realizados cerca de 6 mil implantes contra cerca de 130 mil realizados na Alemanha, um dos países que até aqui mais se beneficiaram do procedimento.

Redação

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