Pouco antes da pandemia da Covid-19, Rudi Raupp Maia, que trabalha com logística, tinha 31 anos e estava focado no trabalho, em crescer profissionalmente. Começou a sentir um pouco de cansaço e dificuldade respiratória, mas achou que era apenas por falta de atividade física e pelo cigarro, já que tinha largado o mau hábito há pouco tempo. Por insistência da esposa, fez um check-up e o eletrocardiograma chamou a atenção do cardiologista. Exames complementares detectaram um problema genético conhecido como cardiomiopatia hipertrófica assimétrica, quando o coração cresce de forma desordenada, ficando maior que o normal.
Na época em que descobriu o problema, começou a fazer tratamento com remédios de uso contínuo, mas a situação se agravou e as limitações diárias ficaram muito grandes. Para levantar da cama, ele precisava ficar dois minutos parado para recuperar o equilíbrio. Limpar a casa era algo impensável. Por isso, além da medicação, ele passou por um procedimento cirúrgico em que foi implantado um desfibrilador, que é utilizado em pacientes com risco de morte súbita. A tarefa dele é interromper a arritmia assim que detectada. A situação estava tão complicada que seu trabalho já estava totalmente prejudicado.
“O problema do Rudi era bastante grave e estava limitando muito as suas atividades diárias. A ideia inicial era realizar uma alcoolização do ramo septal de forma percutânea”, explica o cardiologista do Hospital Marcelino Champagnat, Rômulo Torres, que passou a buscar alternativas de tratamento que garantem maior qualidade de vida para o paciente. Nessa técnica, é injetado álcool estéril absoluto no ramo septal da coronária, provocando um infarto na região problemática do coração. Embora a técnica seja bastante utilizada, traz alguns riscos, já que o material é tóxico, podendo causar complicações imediatas dentro da artéria coronária e até mesmo ser absorvido.
“Mas pouco antes de agendarmos o procedimento, conheci uma nova técnica, pioneira no Brasil, denominada embolização septal com ônix. Ela traz menos riscos ao paciente, porque o procedimento utiliza uma cola especial que provoca uma oclusão do ramo septal de forma mais controlada. O material não é tóxico, nem absorvido pelo corpo, então, os riscos para o paciente são menores e a recuperação mais rápida”, frisa o cardiologista. “A parte que estava maior do coração virou uma cicatriz e reduziu o tamanho e sua espessura, fazendo com que o sangue transite de forma mais adequada dentro do coração, facilitando o trabalho cardíaco”, complementa.
Vida nova
Como a cardiomiopatia hipertrófica assimétrica não tem cura, mesmo com os procedimentos, o acompanhamento do paciente é constante. Mas a qualidade de vida de Rudi, que hoje está com 35 anos, já melhorou consideravelmente. “Faz pouco mais de um mês que fiz o procedimento, e logo depois, já senti uma melhora e, em pouco tempo, as pessoas que convivem comigo também perceberam isso. Hoje, consigo passear com meus cachorros e limpar minha casa, o que há pouco tempo era inimaginável”, conta.