O crescimento dos diagnósticos de transtornos alimentares causa preocupação para órgãos de saúde de todo o mundo. Uma pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que no Brasil, 4,7% da população apresenta algum tipo de distúrbio, envolvendo a relação do indivíduo com a comida.
Por isso, é importante esclarecer que se trata de uma doença decorrente de fatores psicológicos e biológicos, na qual a pessoa apresenta um controle obsessivo do peso corporal e uma percepção distorcida da própria imagem. Os sintomas são influenciados pelo estereótipo de corpo ideal estabelecido no mercado publicitário, impactando principalmente, adolescentes e jovens.
Um estudo científico publicado pelo Ministério da Saúde aponta que 90% dos casos de transtornos alimentares são verificados no público feminino, o que ficou comprovado nas respostas de participantes da mesma pesquisa: 46% das entrevistadas de 12 a 29 anos disseram que queriam pesar menos, contudo, somente 32% apresentaram sobrepeso ou obesidade.
Atento à necessidade do conhecimento técnico-científico sobre a doença, o Senac EAD disponibiliza um curso de extensão universitária sobre ‘Transtornos Alimentares’. O objetivo é proporcionar aos profissionais da área de saúde, informações detalhadas sobre prevenção e tratamento multidisciplinar.
A professora do curso Magda Leite Medeiros detalha algumas mudanças no comportamento que podem sinalizar sintomas da doença: “A pessoa apresenta uma preocupação acima do normal com os alimentos que consome, faz contagem excessiva das calorias, além de preferir opções diet e light. Outras situações que inspiram cuidados são a insatisfação com a imagem corporal, longos períodos sem se alimentar, isolamento social e ansiedade”, pontua.
Quais os principais tipos de transtornos alimentares?
De acordo com a agência de pesquisa The National Institute of Mental Health (NIMH), os distúrbios dessa natureza podem afetar indivíduos de todas as idades, etnias, pesos corporais e gêneros. No entanto, estudiosos defendem que não existe uma causa isolada, mas sim, uma série de fatores genéticos, biológicos, comportamentais, psicológicos e sociais.
A especialista do Senac EAD explica que desordens psiquiátricas podem contribuir para o surgimento da doença, mas reforça que a dinâmica familiar é fundamental na prevenção. “Todos esses componentes estão relacionados com o desenvolvimento de depressão e de transtornos alimentares, como um ciclo. Isso só reforça a necessidade do cuidado com a saúde mental das pessoas, sobretudo dos mais vulneráveis, como crianças e adolescentes”.
Magda esclarece quais são as principais disfunções e os efeitos na saúde humana, confira!
– Alotriofagia: popularmente conhecida como Pica, trata-se da condição na qual a pessoa ingere não alimentos como algodão e gelo para evitar calorias. Essas substâncias causam obstrução no sistema digestivo e apontam uma deficiência nutricional prévia, no caso do consumo da água congelada. De forma geral, pacientes anêmicos apresentam vontade excessiva de consumir gelo.
– Anorexia nervosa: os indivíduos com essa patologia têm uma autoimagem distorcida, na qual se enxergam com sobrepeso constante. Por esse motivo, deixam de consumir a quantidade suficiente de nutrientes presentes na alimentação.
Os principais efeitos são: desmaios, fadiga excessiva, perda de massa magra, baixa estatura (se estiver em fase de crescimento), osteoporose, anemia, queda de cabelo, menstruação irregular ou ausência do ciclo e alteração no funcionamento intestinal.
– Bulimia nervosa: essa condição leva a pessoa a provocar vômito depois de consumir grandes quantidades de comida (transtorno de compulsão alimentar), além de utilizar laxantes e diuréticos. Contudo, esse ato é perigoso por alterar o revestimento do esôfago, ocasionando esofagite, danos aos dentes e aumento das glândulas salivares.
Do mesmo modo, o uso de diuréticos pode alterar o equilíbrio hidroeletrolítico, provocando desidratação, confusão mental, alteração renal e dos batimentos cardíacos. Já o excesso de laxantes causa prolapso retal com perda da capacidade de controlar a evacuação.
Como prevenir ou tratar a doença?
Existem várias abordagens terapêuticas para o tratamento dos transtornos alimentares, desse modo é importante procurar atendimento precoce já que os pacientes estão sujeitos a maiores riscos de suicídio e complicações no organismo. As mais comuns são: psicoterapia individual ou em grupo (familiar), monitoramento médico, aconselhamento nutricional e medicamentos.
A representante do Senac EAD reforça que a família é essencial na identificação e busca de apoio profissional, já que estão mais próximos da pessoa com sintomas. “O ambiente familiar pode ser fator de risco para o desenvolvimento desses distúrbios. Já ouvi de responsáveis por um paciente com anorexia nervosa que ‘pessoas gordas são fracassadas’. Como uma criança não desenvolve transtorno alimentar ouvindo isso dentro de casa?”, observa.
Outro esclarecimento feito por Magda é que atualmente, não existem programas de prevenção, mas sim, de atendimento a pacientes com transtornos alimentares. Ela destaca iniciativas localizadas na cidade de São Paulo, como por exemplo, Proata/Unifesp e o Ambulim/FMUSP. Contudo, é importante buscar opções de tratamento na região onde o indivíduo sintomático mora.
Por fim, a especialista destaca o papel dos profissionais de saúde na identificação dos indivíduos com propensão ao desenvolvimento dos distúrbios alimentares. “O tratamento dessas condições deve ser realizado por uma equipe multiprofissional que vai abordar diferentes aspectos e atuar em diferentes frentes com esses pacientes”, finaliza.
A seguir elencamos cinco sintomas que devem ficar no radar dos familiares. Caso algumas dessas condições seja identificada é necessária atenção redobrada e a combinação de duas ou mais, requerem atendimento médico:
– Preocupação excessiva com o peso;
– Perda de peso rápida;
– Prática de atividade física extenuante e excessiva;
– Isolamento social (principalmente em situações como festas e refeições);
– Mudanças de hábitos alimentares não saudáveis.
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