Vitamina D é aliada de uma boa gestação, segundo especialista

Na atual visão da medicina, o período gestacional começa na preconcepção e termina no final da lactação. Durante a gravidez há diversos fatores que contribuem positivamente no processo de transformação física da gestante. Entre eles, estão os níveis adequados de vitaminas e minerais. Estudos recentes1 reforçam a importância desse equilíbrio, com o intuito de evitar complicações e garantir a segurança do bebê e da mãe.

Uma das vitaminas essenciais para o funcionamento pleno do corpo humano, a vitamina D é conhecida por manter a saúde dos ossos e força muscular, além de ser responsável pelo controle do cálcio e fósforo no organismo. Sua deficiência pode aumentar o risco de infecções respiratórias, problemas cardíacos, osteoporose, doenças autoimunes e muitos outros problemas. Na gravidez, publicações mostram relação da deficiência com aborto de repetição, pré-eclâmpsia, recém-nascido com baixo peso ao nascer ou prematuridade e diabetes gestacional. 4-7

“A hipovitaminose D é um problema de saúde mundial e atinge mais de 1 bilhão de pessoas. Gestantes e lactantes estão no grupo de risco e devem manter níveis de 25(OH)D entre 30-60 ng/ml. Pesquisa mostrou que no mundo 54% das gestantes e 75% dos recém-nascidos apresentam concentrações abaixo de 20ng/ml.³ Segundo a revisão Cochrane (2019), a suplementação de vitamina D pode melhorar a evolução da gestação e reduzir riscos de complicações8. No caso do aborto de repetição a modulação precoce da resposta imunológica importante para ampliar a tolerância ao feto, que tem identidade genética própria, diferente da mãe. Além disso, é importante lembrar que a placenta tem receptor e capacidade de ativação da vitamina D9”, explica Dr. Odair Albano, médico ginecologista, ex-secretário de saúde Campinas SP e consultor de saúde.

Por esse motivo, é bastante comum que médicos aconselhem às gestantes uma ingestão maior e completa de vitaminas, muitas vezes prescrevendo a suplementação vitamínica D para uma gestação tranquila. “Como neste período a mulher precisa de maiores níveis da vitamina no corpo, apenas a exposição solar não costuma ser o suficiente para repor as necessidades diárias. Além disso, nestes casos, encontramos na suplementação oral uma saída simples e muito eficaz.

Diante da alta prevalência de hipovitaminose D na população mundial, agravada pela pandemia Covid-19, com isolamento social e baixa exposição solar deve-se recomendar para as pessoas dos grupos de risco, como gestantes, idosos e portadores de doenças crônicas a suplementação de vitamina D na dose de 1.000-2.000 UI/dia que repõe a necessidade diária, são seguras e trazem benefícios à gestação, proteção contra às infecções respiratórias como Covid-19 10 e melhora da saúde em geral”, completa Dr. Albano.

De acordo com posicionamento da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), é consenso que a suplementação de vitamina D traz benefícios tanto para a gestante quanto para o recém-nascido. Sendo recomendado o uso de doses diárias de vitamina D3 durante esse período. Doses semanais não são recomendada para grávidas ¹¹.

Gravidez e sol não dão match

O médico ainda alerta que a exposição ao sol de gestantes sem protetor solar – é a forma natural de se obter a vitamina D -, mas, pode aumentar a probabilidade do surgimento de manchas escuras na pele. Isso por que, o excesso de hormônios circulando no corpo da mulher grávida pode estimular a produção de melanina, causando o cloasma, manchas escuras que aparecem geralmente no rosto, mais conhecido como melasma.

“Caso a gestante não consiga fugir do sol, é importante ter em mãos, principalmente para o rosto, um protetor solar dermatologicamente testado, de fator mínimo 30, para uma proteção eficaz contra a radiação UVA e UVB. O sol precisa estar em harmonia com a saúde e também com beleza”, alerta.

Mas se engana quem acha que apenas a radiação ultravioleta causa manchas na pele. A luz visível, aquela que nossos olhos conseguem enxergar, como a luz das lâmpadas artificiais e telas de computadores também podem causar danos difíceis de tratar. “Para se ter uma ideia, 44% da radiação proveniente do sol é luz visível. Estudos mostram que a luz visível, em algumas situações como melasma, mancha mais que a UV. Os protetores solares que possuem cor são muito recomendados e os únicos que protegem dos efeitos nocivos causas pelas luzes artificiais, pois o pigmento utilizado para dar a cor é constituído de óxidos de ferro que são capazes de refletir a luz visível, protegendo a pele. Converse com seu médico sobre as melhores opções”, conclui o ginecologista.

Referências:

1 Luz Maria De-Regil; Cristina Palacios; Lia K Lombardo; Juan Pablo Peña-Rosas; et al. Vitamin D supplementation for women during pregnancy; 2016.

2 Kassem Sharif; Yousra Sharif; Abdulla Watad; Yarden Yavne; Benjamin Lichtbroun; Nicola Luigi Bragazzi; Howard Amital; Yehuda Shoenfeld; et al. Vitamin D, autoimmunity and recurrent pregnancy loss: More than an association; 2018.

3 Saraf R. et al. Global summary of maternal and newborn vitamin D status – a systematic review. Matern Child Nutr.2016 Oct;12(4):647-68.

4-7 Gonçalves DR et al. Am J Immunol 2018 nov; 80(5): e13022 2-Akbari S et al. Taiwan J Obstet Gynecol 2018; 57(2): 241-47 5-Hu L et al. Cell Physiol Biochem 2018; 45(1): 291-300 6-Van der Pligt P et al. Nutrients 2018; 10 (5), pii:E640 Z 7-Zhou SS et al.J. Obstet. Gynaecol. Res. Vol. 43, No. 2: 247-256, February 2017

8 Palacios C e al. Vitamin D supplementation fo women during pregnancy Cochrane database of Systematic Reviews 2019, Issue 7, Art n.CD008873 9-Holick MF. Vitamin D deficiency Engl J Med 2007; 357 (3):266-81

9 Wang C . Role of vitamin D in cardiometaboli diseases. J Diabetes Res 2013;2013:243934.

10 Sabetta JR, DePetrillo P, Cipriani RJ, Smardin J, Burns LA, et al. (2010) Serum 25-Hydroxyvitamin D and the Incidence of Acute Viral Respiratory Tract Infections in Healthy Adults. PLoS ONE 5(6): e11088. doi:10.1371.

11- Durval Ribas Filho, Carlos Alberto Nogueira de Almeida, Antônio Elias de Oliveira Filho. Posicionamento atual sobre vitamina D na prática clínica: Posicionamento da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) www.thieme-connect.com/products/ejournals/abstract/10.1055/s-0040-1709661 (Acesso Maio de 2021)

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.