11º Seminário UNIDAS: Demanda reprimida de crônicos vai impactar sistemas de atenção à saúde

A pandemia de Covid-19 impactou áreas diversas, contudo, obviamente, em maior grau a área da saúde. A questão é que os desafios impostos pelo cenário encontraram sistemas de atenção à saúde em crise, fragmentados e desorganizados, o que dificultou o enfrentamento da doença. Essa necessidade de integrar, coordenar e organizar os sistemas de atenção primária à saúde será o tema da palestra magna do consultor em saúde pública, Eugênio Vilaça, no 11º Seminário UNIDAS – Atenção Integral à Saúde.

Segundo o especialista, a fragmentação dos sistemas se dá pela falta de comunicação entre seus principais pontos de atenção como atenção primária, atenção ambulatorial especializada e atenção hospitalar. “Além disso, esses sistemas voltam-se para indivíduos isoladamente, atuam com ações reativas às necessidades de saúde das pessoas, têm ênfase excessiva nas ações curativas e reabilitadoras, são frágeis em prover o cuidado interdisciplinar e não contam com um centro de coordenação. Isso se manifesta, igualmente, no SUS e no sistema de saúde suplementar”.

De acordo com Vilaça, em função da transição demográfica e epidemiológica aceleradas que se deram nos últimos anos 50 anos, houve um aumento da presença relativa das condições crônicas de saúde, que atingem aproximadamente 80% da carga de doença no Brasil. “Estudos internacionais e nacionais demonstram que os sistemas fragmentados vigentes não respondem adequadamente a essas condições crônicas porque não conseguem fazer o acompanhamento adequado, nem, consequentemente, estabilizá-las”.

Com a pandemia, as pessoas passaram a evitar unidades de saúde, o que provocou redução significativa de atendimentos de pessoas com doenças como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e de atenção às gestantes, às crianças e às pessoas idosas. Essa demanda reprimida vai pressionar fortemente os sistemas de saúde após a pandemia, seja em termos financeiros ou na dimensão sanitária. “A reorganização dos sistemas público e privado de saúde convocará respostas mais profundas e será a vez de se pensar nas redes de atenção à saúde”, ressalta.

As redes de atenção à saúde, conforme Vilaça, são a resposta adequada à situação de saúde vigente em nosso país – independentemente de pandemia, já que já era necessária uma mudança – e implicam organizar, de forma integrada, sob coordenação da atenção primária à saúde, os pontos de atenção ambulatoriais e hospitalares secundários e terciários, os sistemas de apoio (sistema de assistência farmacêutica, sistema de apoio diagnóstico e terapêutico e sistema de informação), os sistemas logísticos (sistema de regulação da atenção, registro eletrônico em saúde e sistema de transporte em saúde) e o sistema de governança.

As redes têm ainda um olhar voltado para o paciente, transformando-o em agente de sua própria saúde, por prestarem uma atenção integral expressa em promoção da saúde e prevenção, cuidado, reabilitação e paliação das condições de saúde. “Desse modo, essas redes são um elemento fundamental para o cumprimento da tripla meta de mudanças nos sistemas de saúde que são: a saúde da população, a melhoria da experiência do cuidado individual e a redução dos gastos per capita”.

Os desafios para essa integração são enormes, pondera o especialista. “É preciso ter o entendimento de que os problemas só serão resolvidos se houver cooperação e interdependência entre todos os atores envolvidos nessas redes”. Além disso, a implantação dessas redes de atenção convoca uma agenda de mudanças, concomitantes e alinhadas entre si nos modelos de gestão, de atenção a condições agudas e crônicas e nos sistemas de pagamentos. “Não será fácil construir e implantar essa agenda em nosso país, tanto no SUS, quanto na saúde suplementar. Falta consciência do tamanho da crise, consenso sobre as formas de enfrentá-la e disposição para promover as mudanças profundas que serão necessárias”, afirma Vilaça.

11º Seminário UNIDAS – Atenção Integral à Saúde

Devido à pandemia da Covid-19, o tradicional evento será realizado pela primeira vez de forma virtual, seguindo todas as orientações dos órgãos de saúde nacionais e internacionais. Além disso, neste ano, todos os gestores e membros das filiadas à UNIDAS têm passaporte gratuito para o evento, que acontece entre os dias 17 e 21 de agosto. As inscrições para o evento estão abertas.

O evento, que vai debater sobre Atenção Integral à Saúde, contará com painéis que vão abordar temas como a interface entre os níveis de atenção primária, secundária, terciária e quaternária; gestão de saúde corporativa no cuidado da saúde integral; tecnologia leve como inovação e o uso da tecnologia na humanização do cuidado.

O seminário virtual terá o que há de mais moderno em tecnologia, que é inédita e pensada justamente para esse tipo de evento. Ele será realizado no estúdio do Grupo R1 no Teatro WTC, em São Paulo, com painel de led de alta resolução, sistema watchout, sonorização completa, iluminação de palco e cênica, sistema completo para a live streaming e realidade aumentada. Com essas tecnologias, além de ter acesso ao conteúdo com a mesma qualidade, o participante consegue interagir durante o evento de forma dinâmica e vivenciar toda a experiência de estar em um seminário. O Grupo R1, em parceria com o WTC, segue todos os protocolos sanitários de segurança.

Para acessar a programação completa, basta clicar no link .

Redação

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