Paraná perde liderança em número de cirurgias bariátricas após pandemia

Foto: André Kazé/Comunicore

O Paraná é o segundo que mais realiza cirurgias bariátricas no país, atrás apenas de São Paulo. Entre janeiro e junho deste ano, o Paraná realizou 601 procedimentos, 23 a menos que o estado vizinho. Apesar da retomada de cirurgias eletivas no Sistema Único de Saúde (SUS), o número de paranaenses que têm acesso ao tratamento cirúrgico da obesidade registra uma queda de 83,6% se comparado ao mesmo período antes da pandemia.

Segundo o vice-presidente do Paraná da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Dr. José Alfredo Sadowski, é importante que a cirurgia bariátrica seja vista como uma prioridade para pacientes com obesidade grave.

“A obesidade grave causa diversas doenças podendo aumentar bastante a mortalidade. Cerca de 70% das pessoas obesas mórbidas vão morrer antes dos cinquenta anos e aquelas que chegam até a terceira idade possuem uma qualidade de vida muito ruim”, explica o cirurgião.

Número de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil pelo SUS desde 2017 │ Fonte: DataSUS

Historicamente, o Paraná era o estado que mais realizava cirurgias bariátricas no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Entre janeiro e junho de 2019, por exemplo, o estado realizou mais de 3,6 mil cirurgias. Naquele ano, foram 7.456 pacientes operados no estado, o que representou mais da metade das cirurgias bariátricas realizadas em todo o território nacional naquele ano.

Obesidade no Paraná – O último levantamento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) da Secretaria de Saúde do Paraná mostrou que 34% dos adultos com peso e altura aferidos estavam obesos. As causas desta doença são multifatoriais, envolvendo fatores genéticos, comportamentais, sociais e ambientais que vão além do nível individual e exigem medidas complexas em todos os setores da sociedade para promover a adoção de estilos de vida saudáveis.

“A obesidade é uma doença crônica, portanto não tem cura, e está associada a diversas comorbidades que acometem todo o corpo. Ano após ano, os índices de obesidade vem aumentando em todo o mundo. A cirurgia bariátrica é hoje o tratamento mais eficaz para o controle da obesidade severa, e nos últimos anos, principalmente após a pandemia, os pacientes têm enfrentado o agravamento de suas doenças enquanto aguardam pelo procedimento”, diz Sadowski.

Mais saúde e qualidade de vida – Regina Aparecida de Araújo, de 55 anos, estava com um quadro grave de esteatose hepática quando foi submetida à cirurgia bariátrica em janeiro do ano passado. Os exames realizados um ano após o procedimento indicam condições de um fígado normal.

“Eu estava com 90 quilos e não tinha sintomas. Fui ao médico da família e depois ao hepatologista e descobri que estava com o fígado ‘tomado’ de gordura, prestes a ter uma cirrose. Recebi a indicação de cirurgia bariátrica, que eu já conhecia, e realizei em 16 de janeiro de 2021. Depois da cirurgia foram seis meses fazendo exames a cada 3 ou 4 semanas e com um ano estava completamente curada do fígado”, conta Regina.

Critérios de indicação da cirurgia bariátrica e metabólica

Os critérios de indicação do Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina (CFM) para a cirurgia bariátrica preveem o encaminhamento quando o paciente apresenta Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², com ou sem comorbidades; acima de 35 kg/m², na presença de comorbidades como a esteatose hepática, hipertensão, diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, entre outras relacionadas ao excesso de peso, sem sucesso no tratamento clínico.

A cirurgia metabólica, voltada para pacientes com obesidade leve e diabetes tipo 2 sem sucesso no tratamento clínico, pode ser indicada quando o paciente apresenta IMC acima de 30 kg/m², sem controle do índice glicêmico.

Redação

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