Item que gerou uma série de polêmicas no início da pandemia e assustou a população com a possibilidade de sua falta, os ventiladores pulmonares impulsionaram a indústria de dispositivos médicos e levaram o Brasil a se tornar autossuficiente em sua produção, segundo levantamento inédito da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Artigos de Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios). O número de fábricas nacionais que produzem os insumos aumentou de quatro unidades, existentes no início da pandemia, para dez, contabilizadas no final de agosto. Em um curto período, a necessidade passou a ser de 40 mil ventiladores por ano, o que corresponde a um aumento de 220%.
Os números são resultado da revisão de todo o planejamento de produção por parte das indústrias, além de colocarem a operação em capacidade máxima, com o objetivo de atender às necessidades da área da saúde. Além disso, é importante destacar a reconversão de algumas empresas para produção de insumos que antes não fabricavam.
“Essa união da indústria como um todo é resultado dos esforços que a Abimo tem feito, nos últimos meses, para encontrar alternativas viáveis na produção dos itens necessários ao combate da pandemia de Coronavírus. Temos alguns exemplos, como a indústria da área odontológica produzindo álcool gel, e a indústria têxtil colaborando na produção de máscaras simples de proteção, além de setores que fizeram parcerias com a indústria de saúde, como o automobilístico e o aeronáutico. O que é fundamental neste cenário, para que tudo funcione, é a organização e coordenação das ações”, explica Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo.
A produção de outros insumos também gerou o aquecimento da indústria. O consumo de monitores paramédicos aumentou em 200% desde o início da pandemia. A área pública concentrou 90% de toda esta demanda, uma vez que, no início, os convênios médicos não estavam preparados para atender pacientes com a Covid-19.
Com todo este cenário, a indústria registrou, também, aumento na contratação e geração de novas vagas de empregos. “Apesar dos bons números, é importante ressaltar que houve algumas barreiras sensíveis no percurso, como a escassez de insumos e o escalonamento produtivo. Apesar de tudo, entendemos que a nossa indústria mostrou a importância que tem para o país e, como associação representante do setor, mais do que nunca, buscaremos esforços para a valorização dele”, finaliza Fraccaro.