Artigo – A Medicina mudou e nunca mais será a mesma

No final de 2019, um acontecimento inesperado em forma de um vírus mortal, surgiu na China e se espalhou rapidamente. A sociedade, as relações interpessoais, e a Medicina se modificaram com o aparecimento do Sars-CoV-2.

O mundo não é e nunca mais será o mesmo. As mudanças na Medicina aconteceram de forma muito rápida. A Telemedicina, que estava aguardando implementação, foi logo liberada pela necessidade e será praticamente impossível a sua extinção. A formatura de estudantes do sexto ano foi antecipada e muitos foram para a linha de frente combater o novo vírus. Muitos colegas da área da saúde perderam a vida pelo caminho e alguns ainda carregam sequelas psicológicas e físicas desta nova doença.

Iniciou-se uma batalha, cansativa e desgastante, de narrativas e condutas entre médicos, influenciada pela política, pelo mercado, ideologias, entre outras. Uma eterna disputa entre a academia e a infantaria durante uma guerra cruel.

Uma nova doença sempre justifica o “in dubio pro reo”?

Não se sabe se a internet, as mídias sociais e os aplicativos mais ajudam ou atrapalham neste momento.

Acreditava-se, no princípio da pandemia, que a Cirurgia Vascular, como especialidade, não lidaria diretamente com a Covid-19. Uma grande ilusão, pois a especialidade foi atingida em cheio pela coagulopatia associada ao vírus, causando casos graves de tromboses arteriais e venosas, levando a cirurgias de urgência, consultas e realização de grande número de exames de ecodoppler. A divulgação desses casos pela imprensa e mídias sociais levou, e ainda leva, uma grande quantidade de pacientes ao consultório do angiologista e cirurgião vascular pelo grande medo da trombose.

Quem atendeu, fez ecodoppler ou cirurgia em um paciente com Covid-19 na sua fase inflamatória, nunca mais vai esquecer da sensação de medo e impotência diante da doença, bem como, da face de sofrimento e angústia desses pacientes.

Estão sendo tempos muito difíceis para todos, em especial para os profissionais da saúde e outros diretamente envolvidos no atendimento. Existe sim o reconhecimento por parte da sociedade, mas também a acusação de alguns por condutas e tratamentos divergentes.

Na pandemia, aprendemos a valorizar o que realmente nos interessa e é importante em nossas vidas, reconhecendo também o que nos faz falta de verdade. Muitos sairão mais evoluídos, fortalecidos e preparados para uma nova verdade.

Essa citação do médico americano, Dr. William J. Mayo, 1861-1939, um dos fundadores da Mayo Clinic, EUA, tem mais de cem anos e continua atual como nunca: “A verdade científica, outrora tida como imutável, enquanto pudesse ser pesada e medida, é mutável. Acrescente um fato, mude a perspectiva e você terá uma nova verdade. A verdade é uma variável constante.”

Dr. Alcides José Araújo Ribeiro é Angiologista e Cirurgião Vascular do Hospital de Base do Distrito Federal, em Brasília (DF). Diretor Científico da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional Distrito Federal (SBACV-DF) 2018-2021. Mestre em Ciências para a Saúde

Redação

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2 thoughts on “Artigo – A Medicina mudou e nunca mais será a mesma

  1. Vou deixar uma pergunta: Porque ainda se recusam a fazer o tratamento precoce em quem tem sinais claros de Covid, tenho alguns conhecidos/amigos que a pouco tempo foram infectados e simplesmente na consulta os médicos não lhes passaram nada para tomar e pediram para aguardar uns dias, os mesmos pacientes em seguida procuraram outros médicos que receitaram um tratamento inicial, hoje graças a Deus e ao tratamento estão recuperados.
    Insisto na pergunta porque ainda relutam em tratar precocemente se já se sabe que que é a melhor saída para o Covid. Irão aguardar comprovação cientifica para medicarem, quantos mais terão que morrer antes disto se tornar realidade, onde esta a clinica de observação. Onde esta o aprendizado com novas literaturas, etc. Fica a pergunta.

    1. Não há tratamento precoce, o kit covid não tem eficácia e não há ganho em usar medicamentos que produzem efeitos colaterais sem benefício algum.
      Isso que você tá falando já foi feito e continua sem benefício, a pergunta já está respondida se você procurar boas divulgações científicas.

      O brasileiro vem de uma cultura ocidental capitalista medicalizada, onde a indústria farmacêutica lucra com tratamentos que nem sempre têm qualidade e não estão baseados em evidências suficientes, porém cria a ilusão de que algo está sendo feito e tudo pode voltar magicamente ao normal.

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