A Covid-19 impulsionou algumas mudanças no setor de saúde como reorganização da assistência, atualização de protocolos, cuidados com a força de trabalho, imagem da empresa. Os setores, privado e público, unem forças e conhecimentos para “sobreviver”, mas e depois que a pandemia passar, como deverão organizar-se? Ainda irá funcionar de forma passiva no estado, a espera do paciente? Gestores públicos na luta com o distanciamento social e as medidas restritivas da sociedade, o setor de saúde esmagado pela demanda que já era insuportável, e agora está acrescida das novas demandas da pandemia.
Muitos estão focados nas estratégias para o enfrentamento neste momento. Mas, temos que nos preocupar com o futuro também e fazer um planejamento estratégico de médio e longo prazo. Então, como organizar o setor após pandemia? Quais os aprendizados devemos incorporar na rotina de nossos serviços?
Primeiro devemos entender que a forma como as pessoas irão “consumir” saúde será diferente, quais os critérios de escolha dos serviços pelo cliente?
Como diz o médico psiquiatra, Antônio Quinto Neto, em seu blog sobre Qualidade e Segurança Assistencial “atender toda a população através dos modelos tradicionais de cuidado exige uma quantidade infinita de recursos. A medicina digital – promessa da Quarta Revolução Industrial – surge como base para que as ferramentas da inteligência artificial e outros recursos informacionais transformem os cuidados de saúde e proporcionem a incomparável oportunidade de acesso a todos em suas próprias casas”.
O atender tradicional, restrito às paredes dos serviços de saúde, exigirão mudanças na biossegurança, nos processos de trabalho, investimento na estrutura física, espaçamento dos atendimentos, a lógica da produção em escala não fará mais sentindo, por tudo isto, manter as estruturas custará mais caro.
Como podemos alterar a dialética do antes da Covid-19? Quando os serviços ficam na espera dos clientes, na busca por suas necessidades sentidas, com transferência total da responsabilidade pela procura para o paciente.
Em todos os setores que prestam serviços, a lógica mudou, em plena pandemia vemos que o futuro chegou mais cedo e de um jeito trágico.
A Associação Nacional de Hospitais Privados (ANHP) aponta que o “desafio agora é aproveitar a oportunidade para tornar o exercício da medicina, através da utilização de metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, uma realidade no Brasil quando a pandemia passar. Para isso, será preciso se adequar para oferecer serviços seguros e de qualidade para um grande número de pessoas”.
O setor de saúde deverá se reinventar, assim como vários setores da economia que fazem prestação de serviços, haverá necessidade de mudanças estruturais de forma radical no investimento em pesquisa, tecnologia, qualificação e oferta de serviços de saúde.
Ivana Maria Saes Busato é doutora em Odontologia, coordenadora dos Cursos de Tecnologia em Gestão Hospitalar e Gestão de Saúde Pública do Centro Universitário Internacional Uninter