Artigo – Música erudita e a humanização em hospitais

A música é uma das formas de arte mais universal que existe. Ela nos acompanha em diversos momentos sociais (já imaginou uma festa de casamento sem música?) e em todas as nossas variações de humor, seja naquele momento alegre com amigos ou no fim de um relacionamento amoroso. Ela está presente de forma tão natural em nossas vidas que, muitas vezes, não nos atentamos para outras maneiras nas quais podemos utilizá-la. Uma delas é tornar a música erudita uma aliada no trabalho realizado em hospitais, para prestar um atendimento mais humanizado aos pacientes.

A prática de tocar música no ambiente hospitalar não é propriamente uma novidade. No fim da Segunda Guerra Mundial músicos foram chamados aos hospitais para auxiliar no tratamento aos feridos. Os bons resultados despertaram a atenção das autoridades médicas dos Estados Unidos, que decidiram habilitar profissionais para utilizar a música como terapia. O primeiro curso específico de musicoterapia foi criado em 1944, na Universidade Estadual de Michigan.

Após várias décadas, e com o mundo aderindo cada vez mais às práticas de humanização em diversas áreas, o uso da música em hospitais se tornou ainda mais potente. Em Minas Gerais, um dos maiores representantes desse tipo de trabalho é o “Allegro Vivace”, realizado desde 2013. O projeto, aprovado pela Lei Rouanet do Ministério da Cidadania, é realizado no Hospital Mater Dei, em Belo Horizonte (MG), que disponibiliza o espaço para as apresentações. Por meio do projeto, realizamos recitais com músicos renomados do cenário nacional e internacional da música erudita. Assim, colaboramos para melhorar a relação dos pacientes e funcionários com o ambiente hospitalar e apresentamos à comunidade esse estilo de música.

Além de trabalhar a humanização do tratamento aos pacientes, nosso projeto também oferece medidas de acessibilidade, como cartazes em braile; a leitura do programa nos dias dos recitais e um funcionário disponível para ajudar as pessoas com deficiência a acessar o auditório na unidade Santo Agostinho do Hospital Mater Dei.

Diversas pesquisas na área da saúde já demonstraram a importância desse tipo de iniciativa. Entre eles o de ativar o sistema de recompensa do cérebro, liberando neurotransmissores relacionados à sensação do prazer, como a dopamina e serotonina. Eles ajudam a diminuir a dor e aceleram o processo de recuperação. Segundo especialistas, a música pode auxiliar também no tratamento da dor após procedimentos cirúrgicos e na reabilitação de indivíduos que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e tiveram algum tipo de sequela.

Outro fator importante é a socialização. Muitos pacientes acabam ficando isolados em seus quartos, perdendo um pouco o senso de comunidade e pensando demais nos problemas que estão vivendo. Por meio das apresentações musicais, os pacientes se tornam mais sociáveis, felizes e dispostos. Consequentemente, os funcionários do hospital também trabalham em um lugar mais leve, humanizado e menos estressante.

Crédito: Caroline Loures

 

 

 

Myrian Aubin é pianista mineira e diretora artística do projeto Allegro Vivace

Redação

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