Artigo – Novo tratamento não medicamentoso é promissor em terapias preventivas para Alzheimer

Aproximadamente 50 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com Alzheimer ou outras formas de demência. A doença de Alzheimer leva à perda de memória e prejuízo na função cognitiva e é a causa mais comum de demência entre idosos. Embora certos tratamentos possam ajudar a reduzir os sintomas e, às vezes, reduzir a progressão da doença, atualmente não há como prevenir ou curar o Alzheimer.

Usando oxigenoterapia hiperbárica (OHB), na qual os indivíduos respiram 100% de oxigênio em uma câmara especial de alta pressão atmosférica, os pesquisadores foram capazes de reverter os danos cerebrais associados às características biológicas do Alzheimer.

“Ao tratar a raiz do problema que causa a deterioração cognitiva com a idade, estamos na verdade mapeando o caminho para a prevenção”, disse o co-pesquisador Prof Shai Efrati.

Frequentemente usada para tratar o envenenamento por monóxido de carbono e infecções que deixam os tecidos sem oxigênio, a terapia hiperbárica, quando aplicada de uma forma específica, já foi considerada capaz de reparar o tecido cerebral danificado e renovar o crescimento de vasos sanguíneos e células nervosas no cérebro. Os pesquisadores testaram seu potencial para Alzheimer.

“Após uma série de tratamentos hiperbáricos, pacientes idosos que já estavam sofrendo de perda de memória mostraram uma melhora no fluxo sanguíneo para o cérebro, bem como uma melhora real no desempenho cognitivo”, disse o co-investigador Prof. Uri Ashery.

A nova abordagem desenvolvida pelos pesquisadores melhorou de forma inequívoca as características comumente associadas à doença de Alzheimer. Especificamente, o tratamento hiperbárico resultou em:

  • Memória melhor em 16,5% dos pacientes em média;
  • Aumento do fluxo sanguíneo em 16% -23% dos casos;
  • Melhoria da atenção e concentração em 6% dos pacientes;
  • Maior velocidade de processamento de informações em 10,3% de todos os casos.

“Nossas descobertas fornecem esperança de que agora seremos capazes de lutar contra um dos maiores desafios do mundo ocidental. De acordo com nossas descobertas, a terapia hiperbárica administrada em uma idade jovem provavelmente prevenirá totalmente esta doença severa”, explica o membro da equipe TAU, Dr. Ronit Shapira.

A abordagem foi testada pela primeira vez em laboratório, seguida de testes em pacientes com mais de 65 anos em estágios de deterioração da função mental que geralmente precedem o Alzheimer e a demência. A terapia incluiu uma série de 60 tratamentos em câmaras hiperbáricas durante um período de 90 dias.

O estudo faz parte de um amplo programa de pesquisa focado em reverter os processos de envelhecimento e as doenças que o acompanham. Os pesquisadores observam que as descobertas são um passo encorajador em direção a novas abordagens para prevenir a doença de Alzheimer, abordando não apenas os sintomas ou direcionando os biomarcadores, mas também a patologia central e a biologia responsáveis ​​pelo desenvolvimento da doença.

Os resultados foram publicados na revista Aging.

Fonte: Ronit Shapira et al, Hyperbaric oxygen therapy alleviates vascular dysfunction and amyloid burden in an Alzheimer’s disease mouse model and in elderly patients, Aging (2021). DOI: 10.18632/aging.203485

Rubens de Fraga Júnior é professor titular da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná. Médico especialista em geriatria e gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)

Redação

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