A evolução na área da saúde tem sido exponencial ao longo dos anos. A qualificação das estruturas de cuidados e as novas e mais eficientes tecnologias para o setor, aplicadas a tratamentos e procedimentos, tem gerado resultados positivos e cada vez mais visíveis. Por exemplo, segundo o IBGE, em 1900, a expectativa de vida do brasileiro era de 33,7 anos. Em pouco mais de 11 décadas, a expectativa subiu para 75,4 anos, em 2014.
Mas, infelizmente, existe um segmento desse ecossistema que não recebe a atenção necessária, o registro de informações clínicas. Pode parecer incrível, mas ainda hoje muitas instituições mantém os dados de seus pacientes em documentos físicos. Isso porque algumas instituições não utilizam o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) e outras, que adotam essa ferramenta, registram parte do atendimento fora do PEP.
O prontuário eletrônico permite que as informações dos pacientes estejam atualizadas e disponíveis, pela internet, para que o profissional de saúde possa acessar esses dados a qualquer momento. O PEP é muito mais seguro do que o prontuário em papel e as informações podem ser compartilhadas com outros profissionais que estejam tratando daquela pessoa. Além disso, a implantação de um PEP propicia uma redução de custos para a instituição de saúde.
A utilização do prontuário online garante acesso imediato a várias informações como a quantidade de atendimentos, internações e histórico do paciente. Essas e outras análises facilitam o processo de tomada de decisões para a instituição e paciente, que influenciarão na qualidade do atendimento.
Mesmo com todas essas vantagens, essa tecnologia não permite a integração de outros sistemas da rede prestadora com facilidade. Para integrar todos os dados da rede de atendimento através do PEP seriam necessárias muitas conexões e a administração dessas integrações seria inviável.
Então, para tornar o sistema ideal, é preciso a evolução para o Registro Eletrônico de Saúde (RES), que viabiliza a integração única a um portal. O RES contém as informações sobre todos os eventos de saúde de um indivíduo ou um grupo de indivíduos, como tempo de internações, resultados e laudos de exames, alergias, vacinas tomadas e medicamentos utilizados, que estão armazenadas em diversos sistemas de informação de saúde.
O RES utiliza uma prática de normalização de dados, que possibilita adequar todos os dados para um padrão de apresentação. A única ação necessária é permitir a integração do sistema atual da instituição de saúde, sem a necessidade de aplicação de outro sistema para incluir os dados no atendimento. Com isso, as instituições elevam a produtividade, diminuem a incidência de erros e retrabalhos.
Com o Registro, os profissionais acessam o histórico do paciente no momento do atendimento, o que apoia a decisão clínica; reduzem os pedidos de exames já realizados; melhoram o tratamento de doenças, acompanhando o histórico e análises preditivas e podem sugerir programas de Medicina Preventiva para um grupo de risco identificado.
Essa arquitetura do RES também reduz o trabalho de coleta de informações e agiliza o atendimento, pois o profissional não terá que repetir as perguntas sobre o histórico do paciente, diminuindo o risco de erros de prescrição médica.
No Canadá, em 2001, foi criada a Health Infoway, organização independente, financiada pelo governo federal, com o intuito de acelerar a adoção de soluções digitais de saúde, como registros de saúde eletrônicos, em todo o país. No final de 2017, o sistema registrava cerca de 162.000 profissionais de saúde como usuários da arquitetura.
Estima-se que existem 500 mil profissionais do sistema de saúde (médicos, enfermeiros, farmacêuticos, outros clínicos e administradores) que poderão ainda se beneficiar dos registros eletrônicos. Para se ter uma ideia, hoje, cerca de 98% dos farmacêuticos canadenses recebem avisos eletrônicos a respeito de interações medicamentosas adversas ou contraindicações. A avaliação é de que, desde 2007, o Health Infoway atingiu uma economia de US$ 19,2 bilhões em custos e benefícios para a população e sistema de saúde.
No Brasil, uma das maiores operadoras de plano de saúde do Brasil vem implantando o RES há algum tempo e já registra ganhos significativos com reduções de exames duplicados. O objetivo é compartilhar as informações atualizadas de cerca de 19 milhões de beneficiários.
Luis Guilherme Berns Silva UX Designer da Benner