Artigo – Solução para a saúde brasileira pode estar na Medicina da Família

A saúde sempre será um tema de discussão global. Cada país tem seus desafios, pontos fortes e fracos, mas a verdade é que todos estão buscando entender o atual momento, não só no que se refere à transformação digital, mas também ao processo de envelhecimento da população, que faz com que muitos caminhos precisem ser revistos para uma boa qualidade de vida.

Se na década de 40 a expectativa de vida do brasileiro era de pouco mais de 40 anos, hoje já chega à média de 75 anos. São cerca de 24 milhões de pessoas acima dos 60 e quando somamos os que estão acima de 50 anos temos uma população de 54 milhões de pessoas, que representam 25% dos habitantes do nosso país. O IBGE também projeta que até 2060, o número de pessoas acima de 65 anos no Brasil deve quadruplicar e chegar a 58,4 milhões. No entanto, as previsões não têm apontado para um cenário em que a população alcançará a longevidade em condições saudáveis e isso quer dizer que mais do que nunca estamos num momento em que é preciso olhar para a prevenção. Se não cuidarmos da nossa população hoje, qual será a condição que teremos no futuro?

É olhando para o futuro e pensando nas necessidades do presente que novos modelos de negócio são criados para suprir essa lacuna que existe na saúde brasileira. Se a saúde é a segunda maior preocupação dos brasileiros, de acordo com a pesquisa global “What Worries the World” desenvolvida pela Ipsos, o que devemos fazer?

O mundo todo tem se voltado ativamente para a busca de soluções que permitam o cuidado coordenado, o acompanhamento próximo de tratamentos, exames clínicos preventivos, incentivo à pratica de atividades físicas regulares e orientações nutricionais e em saúde mental, por exemplo. Essas ações se mostram eficazes no combate ao desenvolvimento de doenças crônicas, como a depressão, a hipertensão, diabetes e enfermidades articulares e cardíacas, que podem acometer pessoas nessa faixa etária.

No passado, falávamos muito em médico da família, mas o conceito se perdeu ao longo dos anos em favor do cuidado fragmentado através de superespecialistas. Recentemente, os setores de saúde privada começaram a olhar com mais cuidado para isso, possibilitando o surgimento de novas empresas como é o caso da Amparo Saúde, pensada para trazer o conceito de Atenção Primária para a saúde suplementar. Acreditamos que muito mais do que remediar uma situação, nós devemos dar condições para que a população não precise de cuidados em outros níveis de atenção à saúde para a maior parte das situações que poderiam ser resolvidas já na atenção primária.

É por isso que este conceito de Medicina da Família está ganhando força, porque estamos centrados de fato no que as pessoas realmente precisam, levando em conta todo o seu histórico pessoal, familiar e social. Queremos resgatar a confiança e o vínculo das pessoas com seus médicos, garantindo uma relação duradoura entre profissionais de saúde, pacientes, suas famílias e a sociedade.

E não é apenas isso! Segundo dados do Ministério da Saúde, 80% dos casos atendidos pelos Médicos de Família são resolvidos sem necessidade de encaminhamento para outros especialistas. Dessa forma, um modelo baseado na atenção primária à saúde, no qual o paciente é recebido por um médico da família, é uma ferramenta vital para que operadoras de saúde e empresas possam ter uma assistência de qualidade com menores custos e sem desperdícios. Ou seja, unidades de atenção primária nascem como aliadas dos planos de saúde e fontes pagadoras, atuando em conjunto por um bem maior. Tudo isso leva a uma equalização dos gatos em saúde, com redução de solicitações de exames e internações desnecessárias, por exemplo.

O caminho que enxergamos é que a saúde está em constante evolução, privilegiando a prevenção e dando mais acesso, e nesse sentido desenvolvemos parcerias estratégicas com operadoras de saúde na busca de soluções estruturadas para o paciente. Afinal, o cuidado com a saúde da população deve ser sempre o centro de todas as nossas ações.

No momento em que entendermos que diferentes modelos de negócios na área da saúde podem e devem se complementar – sem excluir uns aos outros – teremos um cenário de ganhos para todos: para a população que terá uma assistência centrada em suas necessidades, para os profissionais da saúde que se manterão engajados nos cuidados e, para o mercado como um todo, com perspectivas favoráveis de sustentabilidade no longo prazo.

Dr. Gentil Jorge Alves é Diretor de Relações com o Mercado, da Amparo Saúde. É pediatra formado pela Universidade Federal de São Paulo e com MBA Executivo pelo IBMEC. Em sua passagem pelo Hospital Sírio Libanês, Dr. Gentil desenvolveu o Programa de Saúde Corporativa, definindo o modelo de Atenção Primária na instituição.

Redação

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