Retocolite ulcerativa: Consulta pública ouve sociedade sobre inclusão de medicamento no Rol da ANS

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou uma consulta pública para avaliar a incorporação de medicamento biológico para tratamento da retocolite ulcerativa (RCU) moderada a grave, ativa em adultos. A RCU é uma doença inflamatória intestinal crônica que afeta o intestino grosso (cólon) e a mucosa do reto, gerando graves sintomas que impactam drasticamente a qualidade de vida do paciente.

A consulta pública tem por objetivo conhecer a opinião da sociedade sobre o parecer preliminar da ANS, que foi desfavorável à incorporação do ustequinumabe para o tratamento de RCU. Dessa forma, as contribuições deverão manifestar a posição do público se concorda ou não com a preliminar desfavorável à inclusão do medicamento.

“É importante a participação consciente da sociedade, pois as consultas públicas são processos importantes que promovem, de forma democrática, a avaliação de inclusões de novos medicamentos e tecnologias inovadoras no Rol da ANS, propiciando aos pacientes acesso a um amplo e variado portfólio de tratamentos que trazem qualidade de vida e controle da doença. Além disso, contribui para que os médicos tenham necessidades clínicas atendidas”, explica Daniel Durand, Diretor de Acesso da Janssen Brasil.

Por meio desse processo, a ANS busca subsídios para tomadas de decisões e, além de médicos e pacientes, conta ainda com a participação de sociedades científicas, entidades profissionais, universidades e institutos de pesquisa.

As pessoas interessadas em manifestar sua opinião devem acessar o site Consulta Pública nº 91 – Contribuições para a revisão da lista de coberturas dos planos de saúde – ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar.

Entendendo a doença

A retocolite ulcerativa é uma doença intestinal crônica e autoimune, que se manifesta por meio da inflamação persistente do reto e do cólon, geralmente com a presença de úlceras[1]. O principal sintoma é a diarreia com sangue e cerca de 90% dos pacientes apresentam hemorragia retal. Outras manifestações comuns são cólica abdominal e, em casos mais graves, febre, anemia e perda de peso1.

Apesar de ser uma doença que acomete principalmente o reto e o cólon, a retocolite ulcerativa é uma doença que pode causar inflamação sistêmica, podendo, em até 50% dos casos, afetar outros órgãos como articulações, ossos, pele, olhos, boca, fígado e sistema cardiovascular. Portanto, o controle dessa inflamação, é necessário e, quando de intensidade moderada a grave, é realizado através de medicamentos que modulam o sistema imunológico, como imunossupressores e terapia biológica. Portanto, é importante ter opções de tratamento, de diferentes mecanismos de ação, para cada tipo de doença (intensidade, comorbidades, presença de inflamação além do intestino, etc)[2].

O diagnóstico da doença é realizado com base em três aspectos: os sintomas apresentados pelo paciente, exames complementares, como sangue, fezes e a colonoscopia, e exames patológicos, em que é analisado um pequeno fragmento do intestino que, normalmente, é retirado durante a própria colonoscopia. Segundo a Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD), 12% dos pacientes demoram mais de três anos entre o início dos sintomas até visitar um médico especialista e 43% vão ao menos quatro vezes ao pronto-socorro antes de receber um diagnóstico final. Apesar de poder ter início em qualquer idade, o pico de incidência ocorre dos 20 aos 40 anos. Além dos impactos físicos, os desconfortos gerados pela RCU também acarretam problemas emocionais, pois limitam a vida social, afetam o dia a dia no trabalho e toda a rotina do paciente[3].

Os tratamentos disponíveis para a doença agem diminuindo a inflamação na parede do cólon. Isso permite que o cólon se recomponha e também ajuda a aliviar os sintomas. Nem todos os medicamentos são iguais para quem sofre de retocolite ulcerativa. Deve-se levar em conta as necessidades de cada indivíduo porque a doença pode se manifestar e evoluir de maneiras diferentes. O tratamento médico pode provocar a remissão, com duração de meses ou até anos, mas a doença pode reaparecer, ficando ativa novamente devido a alguma inflamação ou mesmo por outras razões que podem reativá-la. Por isso, os médicos têm usado vários medicamentos para tratar a retocolite ulcerativa durante muitos anos. Essa variedade é importante para atender a necessidade de cada paciente. As categorias de medicamentos mais usadas atualmente são: Aminossalicilatos, Corticosteroides, Imunomoduladores, Terapias biológicas (anti-TNF, anti-integrina e anti- IL12 e IL 23) e pequenas moléculas (inibidores de JAK). Embora não haja uma cura conhecida, há muitas terapias efetivas para manter a inflamação sob controle 3. E o acesso a elas é direito de todos.

Referências:

[1] Folheto Viver com a Retocolite Ulcerativa, Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn. Disponível em abcd.org.br/wp-content/uploads/2017/06/Folheto-Viver-com-Retocolite-Ulcerativa.pdf. Acesso em outubro de 2021.

[2] Kim, J. M. & Cheon, J. H. Pathogenesis and clinical perspectives of extraintestinal manifestations in inflammatory bowel diseases. Intest. Res. 18, 249–264 (2020).

[3] Entendendo a Doença Inflamatória Intestinal. Cartilha ABCD. Disponível em:  abcd.org.br/wp-content/uploads/2018/08/entendendo_dii.pdf. Acesso em setembro de 2021.

Redação

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