Por se tratar de uma doença nova na literatura médica, as descobertas em relação ao Coronavírus surpreendem a cada dia. Por isso, frequentemente, a comunidade médica precisa revisar os conceitos em relação à Covid-19.
Atualmente, os médicos e os cientistas já sabem que a base das complicações dos casos graves ocorre por um processo inflamatório sistêmico, que pode comprometer diversos órgãos simultaneamente ou agredir prioritariamente algum deles.
De acordo com o Dr. Irapuan Magalhães Penteado, cardiologista do Hospital IGESP, essa condição explica o porquê pacientes que já estão curados da infecção primária, que não transmitem mais a doença, continuam doentes e, eventualmente, muito graves. “É o processo inflamatório que persiste agredindo órgãos e sistemas”, explica.
No caso do coração, quatro patologias são mais comuns e exigem atenção. O cardiologista explica cada uma delas:
1- Inflamações Pericárdicas
Podem provocar dor intensa, derrame pericárdico que, eventualmente, cursam com aumento rápido de volume e tamponamento cardíaco.
2- Inflamações Miocárdicas
Essa é uma inflamação do músculo cardíaco, responsável pelo bombeamento de sangue para os órgãos. Quando há perda de função contrátil, pode levar o paciente a quadros de insuficiência cardíaca (IC) e choque cardiogênico.
3- Arritmias Cardíacas
O processo inflamatório do miocárdio e do sistema de condução elétrica intra-cardíaco geram anormalidades na condução elétrica, possivelmente, por mecanismos patológicos como reentrada, que podem gerar graves arritmias.
4- Infarto Agudo do Miocárdio
Os conhecidos efeitos tromboembólicos propiciados por essa patologia podem facilitar a instalação de trombose coronária com consequente infarto agudo do miocárdio (IAM) ou Tromboembolismo Pulmonar, que dependendo do grau de obstrução, pode levar o paciente a parada cardiorrespiratória.
Importância do acompanhamento cardiológico
Por fim, o médico orienta que todo paciente portador de Covid-19, internado com evidência de inflamação sistêmica, deve, obrigatoriamente, receber acompanhamento detalhado da equipe de cardiologia. “Os exames de eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma e provas laboratoriais podem evidenciar se há agressão miocárdica e alterações potenciais na coagulabilidade sanguínea sistêmica.”