Covid-19: World Medical Association endossa diretrizes brasileiras

O World Medical Journal, principal informativo da WMA – World Medical Association, abre espaço nobre, em sua recém-lançada edição de julho/2021, para as novas diretrizes de condutas para o tratamento de pacientes com quadros leve de Covid-19 da Associação Médica Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). São orientações consagradas por revisões sistemáticas com meta-análise, em formato inédito no país, reduzindo vieses e aumentando o poder estatístico.

No Brasil, as diretrizes já estão sendo utilizadas como bases do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Ministério da Saúde.

De acordo com Wanderley Marques Bernardo, coordenador do grupo de Medicina Baseada em Evidências da AMB, “as recomendações de conduta para episódios de Covid leve, manuseio terapêutico e de profilaxia com tais medicações visam a esclarecer os médicos do país de forma fundamentada e solidez científica”.

Lamentavelmente, até hoje, são propostas várias drogas sem qualquer benefício em redução da infecção, em profilaxia, ou que reduzam a hospitalização ou agravamento do paciente de Covid leve.

“Assim, colocamos uma pá de cal nessa discussão”, destaca Alexandre Naime, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e consultor Comitê Extraordinário de Monitoramento Covid da Associação Médica Brasileira, o CEM-Covid_AMB. “É uma construção inédita e conclusiva. Não deixa a menor dúvida, por exemplo, de hidroxicloroquina não funciona, não deve ser usada jamais como tratamento precoce. Vale o mesmo para a ivermectina e para a colchicina”.

Casos em evidência

Foram estudadas pelo Projeto Diretrizes da AMB condutas para as seguintes questões:

  • Hidroxicloroquina (HCQ) profilática na Covid-19 leve
  • Plasma convalescente na profilaxia da Covid-19 ou no tratamento da Covid-19 leve
  • Uso de Ivermectina na Covid-19 (profilaxia e/ou tratamento)
  • Uso de esteroides no tratamento da Covid-19
  • Colchicina no tratamento da Covid-19 leve
  • Uso de antiviral na profilaxia da Covid-19 ou no tratamento da Covid-19 leve
  • Anticorpos monoclonais na profilaxia da Covid-19 e no tratamento da Covid-19 leve
  • Uso de anticoagulante na Covid-19 leve (profilaxia e/ou tratamento)
  • Antibióticos na profilaxia da Covid-19 ou tratamento da Covid-19 leve

A obra não se restringe às interações medicamentosas. Abrange medidas de controle sanitário, isolamento, utilização de máscara e diagnóstica, capítulo a ser divulgado em breve.

Confirma que não há nenhum medicamento eficiente para reduzir danos de uma virose agressiva, grave e até fatal para alguns casos, em fase inicial e mesmo na profilaxia.

Para esses casos a orientação é o monitoramento adequado, seguimento permanente e hospitalização no momento apropriado para os pacientes com Covid.

“Os documentos são robustos por se basearem em estudos de ensaios clínicos randomizados e de fase 3”, pontua e Suzana Tanni, coordenadora da Comissão de Epidemiologia da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. “São de relevância absoluta para tomadas de decisões em relação ao uso de fármacos para profilaxia e Covid-19 leve”.

Risco do momento

Uma das questões clínicas propostas pelas Diretrizes é desafio nos dias de hoje para a Medicina e a Ciência:

Em pacientes com risco ou diagnóstico de Covid-19 leve o uso profilático de antibióticos reduz a ocorrência de infecção (PCR positivo), de hospitalização, ventilação mecânica ou mortalidade, e não aumenta o risco de eventos adversos?

Aliás, a diretriz vem para responder à preocupação de infectologistas e outros especialistas da linha de frente do Brasil que acusam o aumento de bactérias multirresistentes em níveis nunca visto antes no país.

“As infecções por bactéria multirresistente são decorrentes do uso inapropriado de antibióticos, adverte Hélio Bacha, consultor da SBI e do CEM Covid_AMB, reforçando que a constatação ocorre na prática clínica, além de ser observada em todos os serviços de Medicina Intensiva.

“Na fase inicial da doença, temos visto utilização de antibióticos sem critério algum, sem orientação científica, sem evidência”, alerta Bacha. “Isso está criando uma condição de seleção de bactérias, que rapidamente evoluem para resistência a todo arsenal terapêutico do antibiótico que dispomos. O resultado é que pacientes acabam indo a óbito por ausência de opção antibiótica para as bactérias multirresistentes”.

O Projeto Diretrizes da AMB e suas recomendações estão disponíveis em amb.org.br/projeto-diretrizes.

Redação

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