Crise atinge serviço de aborto legal do Hospital Pérola Byington

Sofrendo em silêncio há quase um mês, o hospital Pérola Byington, que pertence à rede estadual de saúde de São Paulo, atravessa um período de grande dificuldade. Fundado em 1994, o Serviço de Violência Sexual e Aborto Legal do Pérola Byington, principal serviço de aborto legal do país, não é mais coordenado pelo Dr. Jefferson Drezett.

Desde o dia 24 de abril, por decisão unilateral da diretoria, o Dr. Jefferson, que estava no serviço desde a sua instalação, foi afastado de suas funções.

Depois de 24 anos sob seu comando, o Serviço está à deriva. Não se sabe ao certo qual será o rumo deste departamento que recebe, hoje, pacientes de fora de São Paulo, de outros estados e até mesmo encaminhadas por centros de saúde da própria capital. É o recordista nacional de interrupções de gravidez previstas em lei, somando mais de dez procedimentos ao mês.

Em diversas reportagens sobre o atendimento à vítimas de violência e a realização de abortos legais, o local sempre se destacou pela eficiência e qualidade do atendimento. É um dos poucos centros do Brasil a respeitar integralmente a legislação, realizando abortos em todas as circunstâncias previstas em lei, sem criar obstáculos ou dificultar ainda mais a vida de quem já está em sofrimento.

Entidades ligadas à saúde e defesa da violência contra a mulher já estão se mobilizando em torno da notícia, buscando explicações para tal ocorrido.

Uma delas é o GEA, Grupo de Estudos sobre o Aborto, que já divulgou entre seus associados um comunicado lamentando o afastamento do Dr. Jefferson Drezett e solicitando às entidades que compõem o grupo posicionamento firme.

“Tão importante quanto o atendimento oferecido pelo Serviço de Violência Sexual e Aborto Legal do Pérola Byington é ter à sua frente pessoas comprometidas e trabalhadoras, como o Dr. Jefferson Drezett. Sem ele, não sabemos qual será o rumo do serviço, muito menos a quem deverão recorrer as pacientes caso seja extinto”, afirma Dr. Thomaz Gollop, coordenador do GEA e membro da Comissão de Violência Sexual e Interrupção da Gestação Prevista por Lei da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

O receio dos profissionais que trabalham na área, e principalmente dos funcionários do Pérola, é justificado. Há alguns anos, o serviço de aborto legal do Hospital Municipal Arthur Ribeiro Saboya, conhecido como Hospital Jabaquara, na zona sul de São Paulo, foi desativado. O serviço era o pioneiro no país, inaugurado em 1989.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, na época, o encerramento das atividades no local foi decorrente da aposentadoria dos profissionais que atuavam na equipe responsável.

Redação

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