Equidade de tratamento no SUS é mais um dos desafios das mulheres na saúde

Com jornadas sempre muito intensas conciliando estudo, trabalho, cuidados pessoais e com a família, as mulheres desde cedo precisam lidar com problemas que podem afetar sua saúde física e psicológica, e, infelizmente, ao procurarem ajuda de um especialista podem encontrar ainda mais problemas.

Teoricamente, o acesso aos serviços de saúde do SUS é garantido a todas. Mas por que nossas mulheres continuam morrendo tanto de câncer de mama – tipo que mais acomete mulheres no país, sem contar câncer de pele não-melanoma, uma doença curável em praticamente metade dos casos. Na prática existe muita dificuldade na realização de exames, diagnósticos e tratamentos, além da desinformação. “Todos enfrentam desafios no SUS, mas a mulher enfrenta ainda mais. É ela quem cuida da família, trabalha, e precisa se preocupar com a própria saúde, pois ninguém mais se preocupa”, afirma a presidente voluntária da FEMAMA – Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama e Chefe do Serviço de Mastologia do Hospital Moinhos de Vento, Dra. Maira Caleffi.

Há anos as mulheres lutam pela igualdade de direitos e a área da saúde é mais um dos temas em que a discriminação e violência são desafiadores. É comum ouvir sobre equidade, mas na prática são inúmeras as histórias em que os cuidados com a saúde e a dignidade das mulheres são negligenciados. Essa carência na atenção e orientação à paciente, além de ser um ato de violência, atrasa e dificulta o diagnóstico de diferentes tipos de doenças como o câncer, em que a agilidade é determinante para a cura.

Casos como esses reforçam ainda mais a importância da atuação de instituições como a FEMAMA, que busca ampliar o acesso ao diagnóstico ágil e ao tratamento do câncer de mama, além de promover o empoderamento de pacientes por meio da informação, com o objetivo de reduzir os índices de mortalidade pela doença no Brasil. Afinal, “as especificidades da saúde da mulher, como os ciclos menstruais, gravidez, menopausa e por vezes problemas com o colo de útero e na mama exigem uma atenção profissional mais intensa e próxima, seja do SUS ou sistema privado” complementa a Dra. Maira.

No cenário atual da oncologia avanços médicos já são realidade e trazem mudanças significativas. A medicina personalizada e as novas tecnologias para o câncer trazem mais conforto e eficácia no tratamento. Mas, para as mulheres diagnosticadas com câncer, um cuidado acolhedor é tão importante quanto equipamentos sofisticados, pois o medo de enfrentar a doença muitas vezes a impede de tirar dúvidas no consultório e de dividir seus dilemas com a família, amigos ou colegas de trabalho.

Mesmo com os avanços da medicina, a demora para obter o diagnóstico correto e iniciar o tratamento adequado afasta as pacientes de chances substanciais da cura. No Brasil, pacientes com câncer esperam em média 200 dias até receber o diagnóstico correto, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União. E para mudar essa realidade a FEMAMA e sua rede de ONGs associadas mobilizou o Congresso Nacional para aprovação da Lei dos 30 dias, que estabelece que os exames necessários para a confirmação do diagnóstico de qualquer tipo de câncer sejam realizados no SUS em até 30 dias.

“O sistema de saúde vem falhando em garantir um diagnóstico precoce para brasileiras e brasileiros e, assim, proporcionar tratamentos mais assertivos e evitar milhares de mortes. Após a aprovação da Lei dos 30 dias, os esforços da FEMAMA estão direcionados para que o Ministério da Saúde regulamente a lei até o final de abril de 2020. Isso pode garantir que a lei saia do papel para toda a população”, conclui Dra. Maira Caleffi.

Redação

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