Hospital Estadual de Doenças Tropicais investe em socialização e interação como ferramentas de cura

O processo de internação pode gerar consequências negativas profundas na vida daqueles que necessitam passar períodos prolongados de tempo dentro de um hospital. Por esse motivo, a adoção de estratégias terapêuticas não é apenas um diferencial na assistência oferecida a esse paciente, mas determinante na oferta de bem estar, atendendo além dos aspectos físicos, os psíquicos, sociais e intelectuais.

O Hospital Estadual de Doenças Tropicais dr. Anuar Auad é referência no atendimento, em Goiânia (GO), a HIV/Aids, Tuberculose, Meningite, Hepatite, Acidentes ofídicos e com animais peçonhentos, dentre outros, que costumam ocasionar internações longas e recuperações extenuantes. Assim, com o objetivo de amenizar o sofrimento dentro do contexto hospitalar e estimular a participação ativa do paciente em seu tratamento, o Setor de Reabilitação da unidade criou uma forma de interação e relaxamento para pacientes e acompanhantes. Todas as quintas-feiras, eles são convidados a participar de uma “roda de conversa”, na parte externa da unidade, comandada por uma terapeuta ocupacional e com a colaboração da equipe multiprofissional.

Durante os encontros, que têm duração média de uma hora, os participantes são incentivados a esquecer por um momento a doença pela qual estão acometidos e a perceber e escutar sobre a dor do outro, o que faz com que compreendam que não estão sozinhos naquele período de enfermidade. Também são conscientizados sobre a importância do bem estar e do cuidar de si e são estimulados a planejarem a vida após a alta. “Quando fica muito tempo internado, o paciente perde a noção de tempo e espaço, o que gera uma alteração psicoafetiva-social. Pensando nisso, é que foi criado o grupo que promove desempenho funcional e ocupacional, proporcionando qualidade de vida e socialização durante a hospitalização do paciente e familiares”, explica a fonoaudióloga e coordenadora do Setor de Reabilitação, Fernanda Bernardes.

Em média, 15 pessoas participam de cada encontro, que já ocorre há um mês. Lá, escutam músicas, aprendem as técnicas para uma respiração correta, participam de dinâmicas variadas, se abrem sobre seus anseios e medos, conversam com os outros participantes e recebem orientações sobre como cuidar da saúde como um todo, inclusive mental.

Estímulo à saúde

Para a paciente Daniela Celetino de Carvalho, de 26 anos, o encontro serviu para que repensasse sua internação. “Eu gostei porque estava querendo ir embora, e quando foram falando sobre como preciso cuidar antes de mim, eu entendi que logo vou sair daqui, mas antes preciso estar bem”, diz. Segundo Marilda Polônio, a terapeuta ocupacional que idealizou o grupo, esse é um dos resultados que ela tem percebido em vários pacientes. “Tem um interno que só ficava no corredor, falava sempre sobre ir embora, e depois dos nossos encontros percebi que ele já fica mais no leito, e quase todos os dias pergunta se não pode ter o grupo de novo”, conta.

Para Maria de Lourdes Rodrigues, acompanhante e mãe de um paciente, a roda de conversa gerou um alívio da sobrecarga que tem sentido. “Já participei duas vezes e achei que ajuda a relaxar. É bom para a mente. O que mais gostei foi a ginástica que fizemos e quando falaram sobre a importância de cuidar da saúde da cabeça também”, relata. Para Jonas Araújo, que também acompanha um familiar, os encontros ajudam a afastar a solidão e gera uma interação que ele considera fundamental.

A roda de conversa é mais uma forma de humanização e valorização do sujeito inserido no contexto hospitalar implantada por profissionais do HDT. Desde que o Instituto Sócrates Guanaes (ISG) assumiu a gestão da unidade, em 2012, a unidade vem sendo reconhecida pela forma humanizada de assistir seus pacientes. Em 2014, o hospital venceu o concurso cultural “Somos parte do SUS que dá certo”, do Ministério da Saúde (MS), e como prêmio recebeu menção honrosa da pasta durante a Semana Nacional de Humanização. Já em 2016, o hospital recebeu outra premiação, também do MS, em reconhecimento ao trabalho realizado na unidade, o que resultou no documentário “Humanização-SUS – HDThumanização contagiante”, que rodou todo país.

Redação

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.