O grupo de Transplante de Fígado Pediátrico do Hospital Sírio-Libanês atingiu a marca de 1.000 procedimentos, envolvendo doadores vivos ou com morte encefálica constatada. De todos os transplantes de fígado pediátricos feitos pela instituição, 95% foram realizados em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Atualmente, o Sírio-Libanês responde por 50% dos transplantes dessa modalidade realizados no Brasil, envolvendo pacientes com idade inferior a dois anos.
“Os resultados são fruto de programas em parceria com o Ministério da Saúde e também muito significativos para pacientes, médicos e sociedade. Eles mostram que temos, no Brasil, profissionais e centros capacitados para a realização de um procedimento complexo como este. Com isso, nosso desejo é conscientizar as pessoas sobre a importância da doação de órgãos, para que todas as crianças que precisam do transplante sejam adequadamente tratadas”, destaca Dr. Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio-Libanês e coordenador da equipe de transplantes de fígado da instituição.
O Ministério da Saúde mantém com o Sírio-Libanês, dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS), o projeto “Escola de Transplantes”, que possui três frentes de atuação: transplantes de fígado pediátricos, projeto Coração Novo – que integra atividades para o tratamento da insuficiência cardíaca refratária e transplante de coração – e projeto Pólos, que desenvolve uma série de ações educativas e de capacitação, voltadas para o aumento dos doadores de órgãos e tecidos no Brasil.
Transplante Dominó
A equipe do Hospital Sírio-Libanês é referência em “transplante dominó” de fígado pediátrico, uma das técnicas mais avançadas da medicina, em que um órgão retirado de uma criança portadora de leucinose pode ajudar outra criança. A leucinose é uma doença que compromete as funções orgânicas pelo acúmulo de aminoácidos, atinge crianças menores de dois anos e pode ser corrigida pelo transplante de fígado. Porém, o fígado de uma criança com leucinose pode ser transplantado em uma outra criança que não tenha a patologia. Desta forma, a criança com leucinose recebe um fígado novo e doa o seu para outras crianças, com outros problemas hepáticos. O “transplante dominó” é realizado entre vivos e, normalmente, envolve 3 pessoas.
O milésimo transplante intervivos realizado no Hospital Sírio-Libanês usou a técnica dominó. A menor Laura Beatriz Gonçalves, de 3 anos, recebeu parte do fígado da adulta Marília Rafaelli, doadora viva, e doou seu órgão para outra criança, David Lucca Mendes, de 1 ano. Laura passou cerca de um ano na fila do transplante e, como os exames de compatibilidade com os familiares deram negativo, a menina precisava de um doador. Foi nesse momento que as vidas de Laura e Marília se cruzaram. “Marília é filha de um grande amigo. Depois que os testes de compatibilidade entre familiares deram negativo, Marília se predispôs a fazer os exames e descobriu que era compatível. Foi uma alegria quando vi que minha filha poderia ter a esperança de ter uma vida normal, mais saudável e ainda ajudaria outra criança”, diz Rosilene Gonçalves, mãe de Laura.
“Recebemos pacientes de todas as partes do país e atuamos também na formação de profissionais que voltam para as suas cidades e podem realizar o procedimento ou identificar os pacientes com necessidade do transplante”, ressalta Dr. João Seda Neto, cirurgião pediátrico e membro da equipe do Núcleo Avançado do Fígado do Hospital Sírio-Libanês.