Nutrologia pode modificar condutas na assistência ao paciente com câncer

Dra. Mariana Hollanda

O acompanhamento do estado nutricional do paciente e a compreensão da fisiopatologia das doenças diretamente relacionadas aos nutrientes permitem ao nutrólogo atuar no diagnóstico, prevenção e tratamento destas doenças, contribuindo na promoção de uma longevidade saudável, com melhor qualidade de vida. No IBCC – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, em São Paulo, duas profissionais médicas são responsáveis pelos estudos, pesquisa e avaliações dos benefícios e malefícios causados pela ingestão dos nutrientes, aplicando este conhecimento para a avaliação das necessidades orgânicas, visando a manutenção da saúde e redução de risco de doenças, assim como o tratamento das manifestações de deficiência ou excesso.

De acordo com a Dra. Mariana Hollanda, nutróloga e coordenadora da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do IBCC, seu trabalho tem como objetivo oferecer a melhora da qualidade de vida do paciente que, muitas vezes, requer um enfoque individualizado. “Durante o período de tratamento, orientamos e fazemos intervenções em conjunto com a EMTN para que o paciente mantenha o melhor estado nutricional possível, a partir da adequação da dieta e do controle de sintomas”, afirma a médica.

Oncologia

Dra. Letícia Fontes

Em relação a pacientes com câncer, conforme a médica nutróloga Dra. Letícia Fontes, que também atende no IBCC em conjunto com a equipe multidisciplinar, a atuação do nutrólogo na oncologia é extremamente importante, pois esses pacientes têm uma demanda metabólica aumentada, porém geralmente tem uma redução importante do apetite. “Ou ainda, alteração do paladar, além de efeitos colaterais ao tratamento, como náuseas e vômitos, que contribuem para uma perda de peso acentuada”, explica. Segundo ela, o acompanhamento do nutrólogo contribui para promover ganho de peso, recuperação do estado nutricional, que é fundamental para boa evolução do tratamento oncológico.

No IBCC, os pacientes internados que se encontram em terapia nutricional enteral ou parenteral são acompanhados diariamente pela EMTN, e pelo médico nutrólogo duas vezes por semana.

Rotina

O nutrólogo é o médico responsável pela nutrição dos pacientes que, por algum motivo, não podem ou não conseguem se alimentar pela boca. Esses pacientes, irão receber sua nutrição por uma via alternativa, que será por sonda nasoenteral (nutrição enteral) ou pela veia, a nutrição parenteral. Nesses casos, essa dieta é responsabilidade do médico nutrólogo, pois o quadro clínico do paciente interfere na prescrição da mesma.

A Dra. Mariana Hollanda destaca que, com frequência, são utilizados complementos nutricionais (suplementos) para aumentar o aporte nutricional do paciente, corrigindo ou evitando carências nutricionais provocadas pela alimentação inadequada. Em casos complexos e para os pacientes de UTI que não apresentam condições para uma dieta por via oral completa a sua nutrição é realizada por meio de sondas (enteral) ou via endovenosa (parenteral). “Esse cuidado viabiliza um estado nutricional satisfatório, contribuindo para a realização de tratamentos cirúrgicos, quimioterapia e radioterapia”, salienta a médica.

Caso clínico

Paciente M., 20 anos, sem histórico prévio de doenças, foi diagnosticado com Leucemia. Infelizmente não teve boa resposta ao tratamento de quimioterapia ambulatorial e precisou ser internado para realizar um Transplante de Medula Óssea. Até então era uma pessoa ativa, estudava e nunca teve dificuldade em se alimentar. Já na primeira semana após o Transplante evoluiu com quadro de mucosite grave, sentia muita dor ao deglutir e não conseguia ingerir alimentos, líquidos, nem sequer a própria saliva. Sentia-se fraco e muito assustado com o fato de não conseguir se alimentar.

Devido ao risco nutricional estava sendo acompanhado pela Nutrologia, o que permitiu traçar uma conduta rapidamente e iniciar a Nutrição Parenteral, uma vez que a alimentação por boca ou até mesmo por sondas era inviável. A evolução foi muito boa, o Transplante foi um sucesso e com a melhora do quadro de mucosite, foi possível reintroduzir a alimentação oral para que o paciente pudesse ter alta hospitalar se alimentando normalmente.

Redação

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