“Sempre jogo bola com os meus filhos, mas, naquele dia, senti um mal-estar. Um cansaço excessivo, fora do habitual”, relata o bancário Sidnei Nunes, de 49 anos, ao desconfiar que algo estava errado com a sua saúde. “Procurar o hospital naquele mesmo dia foi a melhor decisão. Se eu tivesse ‘me escondido’ desse desconforto, hoje não estaria aqui para contar a história”.
Nunes deu entrada no Pronto Socorro do Vera Cruz Hospital às 9h de domingo e teve uma morte súbita dentro da unidade, mas, graças a um atendimento que os médicos responsáveis descrevem como um “balé de sintonia, harmonia, movimentos precisos e competência”, ele teve alta no dia 11 de junho. “Chegamos na emergência e havia três carros na frente, mas, graças ao profissionalismo do enfermeiro que o atendeu e percebeu que o caso era grave, o atendimento foi priorizado, e isso foi fundamental. Meu pai chegou consciente, foi feito um eletrocardiograma, e nós ficamos do lado de fora aguardando notícias. Foram longos 20 minutos”, relata Caíque Nunes, um dos filhos do bancário.
A agilidade é um fator determinante para a sobrevivência de pessoas com sintomas cardiovasculares. “Cada minuto é decisivo para salvar uma vida. No Vera Cruz Hospital, temos um Centro Cardiológico completo para urgência e emergência, 24 horas por dia, com protocolos assistenciais para rápida detecção de problemas cardiológicos”, descreve o cardiologista da unidade cardiológica, Dr. Hugo Pazianotto, presente no primeiro acolhimento ao paciente.
Acionado para o atendimento naquela manhã, Silvio Gioppato, cardiologista da hemodinâmica, alerta que 60% dos pacientes que morrem por infarto do miocárdio falecem antes de ter o contato com o médico, muitas vezes por negligenciar os sinais de que algo está errado. “O paciente teve uma morte súbita, e o que o salvou foi que ele estava na sala de emergência dentro de um hospital de grande porte. Se estivesse em outro local, poderia não ter sido atendido a tempo, ter ficado com sequelas ou ir a óbito”, explica.
O atendimento mobilizou uma equipe multidisciplinar, e foi necessário calcular cada ação de forma minuciosa para que tudo acontecesse no momento certo. “Naquela hora, o relógio não passava, cada segundo parecia um dia. Foi quando uma enfermeira trouxe a notícia de que meu pai estava com pulso; isso nos trouxe um alívio imenso”, conta Caíque.
“Meu pai teve a primeira parada cardíaca dentro da unidade. Soubemos pela Dra. Leni que ele havia sofrido um infarto agudíssimo, estava sendo levado para a hemodinâmica para a realização do cateterismo. Naquele exato momento, ele estava em uma parada cardíaca longínqua e não estava respondendo às tentativas de reanimação. Foi desesperador”, descreve Caíque, ao contar que ele, o irmão e a mãe se ajoelharam e começaram a pedir por um milagre pela vida do pai a Deus e à Nossa Senhora Aparecida.
“Graças ao acolhimento perfeito da equipe multidisciplinar e à reanimação cardíaca feita na transferência do Sidnei para a sala de hemodinâmica, ele se manteve com pulso e pudemos fazer a angioplastia com qualidade e segurança”, salienta Gioppato, que ainda destaca a estrutura oferecida pelo Vera Cruz Hospital para atender casos de infarto agudo do miocárdio. “Podemos realizar o cateterismo de urgência com angioplastia coronária primária, procedimentos endovasculares minimamente invasivos para correção de cardiopatias estruturais, além da abordagem cirúrgica das doenças cardiovasculares, sejam eletivas ou nas urgências. Contamos também com outros exames, como ecocardiograma de última geração, exames intraoperatórios (incluindo ressonância magnética nuclear com imagens tridimensionais) e angiotomografia de coronárias”.
A história do bancário serve de exemplo para que as pessoas procurem por atendimento médico ao sentir sintomas ou qualquer anomalia. “É importante estar atento aos sinais de infarto mais comuns, como a dor típica no peito, em aperto, predominando do lado esquerdo e irradiando para o braço. Nos idosos, mulheres e diabéticos, também devemos levar em consideração o mal-estar e a dor na boca do estômago, que se irradia para pescoço e tórax. Normalmente, há sintomas associados, como suor frio na parte superior do corpo, náuseas, vômitos, palidez, mal-estar indefinido e dor no peito”, exemplifica.
Casos graves no futebol
Casos semelhantes já aconteceram no mundo da bola. Em 2004, o zagueiro Serginho, do São Caetano, morreu após cair no gramado, desacordado, durante uma partida contra o São Paulo, no Morumbi, por conta de uma parada cardiorrespiratória. Na ocasião, não havia desfibrilador no estádio e ele faleceu a caminho do hospital. No ano passado, o meio-campista dinamarquês Eriksen sofreu uma parada cardíaca no jogo contra a Finlândia pela UEFA Euro, mas diferente de Serginho, recebeu tratamento com desfibrilador automático ele recobrou a consciência ainda em campo. Esses dois exemplos mostram com clareza a importância de equipes bem treinadas com acesso a tecnologias de ponta. É a diferença entre a vida e a morte.
Números alarmantes
As doenças cardiovasculares estão entre as que mais causam mortes no Brasil. De acordo com os dados do Cardiômetro (indicador da Sociedade Brasileira de Cardiologista), 1,1 mil pessoas perdem a vida todos os dias com problemas de coração: cerca de 46 por hora, ou seja, uma morte a cada 90 segundos.
Dentre elas, duas se destacam: o infarto e o AVC (acidente vascular cerebral) são responsáveis por mais mortes e incapacitação no mundo, respectivamente. Dos óbitos por infarto, 66% são de pessoas que não chegam a receber assistência médica (morrem na rua ou em casa), sendo que grande parte destes casos pode ser evitada ou postergada com cuidados preventivos e medidas terapêuticas. “O alerta, a prevenção e o tratamento adequado dos fatores de risco e das doenças cardiovasculares podem reverter essa grave situação”, conclui Giopatto.