Pacientes com câncer de mama ficam na fila do SUS por mais de 1 ano para receber tratamento

A SBC – Sociedade Brasileira de Cancerologia e a UNACCAM- União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama juntamente com várias entidades representativas do setor estão organizando uma audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo, no próximo dia 28 de novembro, às 9h30 da manhã. Objetivo é lutar pela fila zero e pelo “extra-teto” para o setor de tratamento do câncer de mama no Brasil.

Nise Yamaguchi, vice-presidente da SBC- Sociedade Brasileira de Cancerologia defende a agilização do sistema de atendimento através da mobilização da sociedade civil organizada. “Estamos convidando deputados, secretários de saúde estadual e municipal, ongs e entidades representativas do setor para encaminhar uma solução imediata. Não temos mais tempo. Cada dia que passa, mais pacientes correm risco de vida”, avalia Yamaguchi.

A SBC- Sociedade Brasileira de Cancerologia também debate nessa audiência o extra-teto, uma revisão dos valores de hospitais e serviços oncológicos do setor público para que possam atender mesmo com valores excedentes ao teto estipulado pelo SUS. “ Para casos do câncer como diagnóstico e cirurgia tem que haver verbas extra- teto. Atualmente, existe uma verba média de gastos previstos para cada hospital ou serviço de saúde baseada no histórico. Essa prática leva alguns serviços de saúde a ficarem ociosos porque o teto estipulado é baixo. Assim mesmo tendo disponibilidade, não podem atender. Isso precisa ser revisto”, avalia a oncologista.

Segundo Clarisia Ramos, da UNACCAM, a entidade recebe muitas pacientes pedindo ajuda para consultas , exames e tratamentos. Muitas com mais de 3 meses na fila do SUS sem perspectiva de atendimento.

Lei federal que garante atendimento não é cumprida pelo SUS

A lei federal 12.732/2012, que garante o atendimento pelo SUS em 60 dias após o diagnóstico do câncer de mama, não é cumprida na maior parte do país inclusive em São Paulo. Apuração foi feita pela Sociedade Brasileira de Cancerologia.

Segundo Nise Yamaguchi, vice-presidente da SBC, muitas mortes poderão ocorrer pela demora no início do tratamento. ”Levantamos muitos casos que levaram mais de 10 meses entre o diagnóstico e a realização da biópsia”, denuncia Yamaguchi.

Ela explica que a consulta é relativamente rápida, mas mesmo o exame de mamografia tem demandado espera de até 6 meses. Situação piora quando o oncologista, ao constatar o câncer de mama, pede uma biópsia para avaliar o tumor e poder prescrever o tratamento adequado. Uma biópsia demora cerca de 10 meses para ser marcada. E quando a paciente finalmente volta ao médico com o resultado para iniciar o tratamento, já se passou mais de 1 ano e o tumor já evoluiu, podendo se transformar em uma metástase.

A vice-presidente da SBC defende melhoria imediata na central de regulação de filas de atendimento e o monitoramento rigoroso desse sistema. ”Precisamos fiscalizar o fluxo de pacientes entre o posto de saúde (UBS) e o atendimento efetivo. Por falha no sistema de regulação de filas de atendimento, esse processo não está funcionando. Muitas pessoas poderão morrer na fila”, alerta a oncologista.

A ideia da oncologista é melhorar o fluxo de atendimento no câncer de mama e depois estender a todas as modalidades de câncer .

No Brasil, 600 mil pessoas terão câncer este ano

A SBC – Sociedade Brasileira de Cancerologia defende a implantação de uma política mais efetiva para o controle do câncer no país, que cresceu em progressão geométrica nos últimos anos. No Brasil, o INCA – Instituto Nacional do Câncer estima que 600 mil pessoas terão câncer este ano. Com exceção do câncer de pele não-melanoma, os tipos de câncer mais frequentes serão os cânceres de próstata (68.220  casos novos) em homens e mama (59.700) em mulheres. Completam a lista dos dez tipos de câncer mais incidentes: cólon e intestino, pulmão, estômago, colo do útero, cavidade oral, sistema nervoso central, leucemias e esôfago.

Segundo Ricardo Antunes, presidente da SBC, o Brasil deveria investir, no mínimo, dez vezes mais na área de oncologia. Países desenvolvidos aplicam US$ 180 a U$$ 400 per capita/ano para ações de controle da doença.

“A Sociedade Brasileira de Cancerologia defende realizações de ações conjuntas e integradas da sociedade civil organizada e do poder público. Campanhas educativas e de prevenção e um atendimento mais efetivo na rede pública são caminhos para conter o avanço da doença no país”, destaca Ricardo Antunes.

Questão de saúde pública

A incidência de câncer no Brasil e no mundo é uma questão de saúde pública. Os dados são preocupantes: 14 milhões de novos casos da doença são registrados a cada ano em todo o mundo, aponta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Atualmente, o câncer é a segunda causa de mortes em todo mundo, e a OMS calcula que subam em 70% os casos da doença nas próximas décadas.

O presidente da SBC destaca que a Assembléia Mundial da Saúde da ONU aprovou, em 2017, uma resolução para reduzir a mortalidade prematura por câncer através de uma abordagem integrada entre a OMS e os governos.

“Estamos conectados à essa luta mundial, especialmente porque cerca de 1/3 dos cânceres podem ser evitados. Pesquisas científicas indicam que em cada 10 casos, três estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam. Hábitos como tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo, obesidade, alto consumo de alimentos processados e exposição excessiva ao sol aumentam as chances de incidência da doença”, alerta Antunes.

História

Fundada em 1946, a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) é uma entidade civil e científica, de direito privado e sem fins lucrativos. A SBC é a mais antiga instituição no gênero da América do Sul e sua diretoria é composta pelos mais importantes especialistas em câncer no país. Estudar e debater todos os problemas de combate ao câncer no Brasil estão entre os principais objetivos da SBC.

Redação

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One thought on “Pacientes com câncer de mama ficam na fila do SUS por mais de 1 ano para receber tratamento

  1. Estou na fila já 3 meses, diagnósticada com um câncer de mama e na espera pra pra um tratamento e já sinto dores acredito que se fosse mais rápido eu não estaria assim. Sofrendo

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