Pacientes com Covid-19 em estado grave têm boa evolução após tratamento com membrana extracorpórea

Seis pacientes diagnosticados com Covid-19, internados pelo SUS em estado grave e sem responder aos tratamentos usuais – receberam oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) e responderam bem ao tratamento. Um deles já teve alta, e os outros continuam internados, com bons prognósticos.

A iniciativa é inteiramente promovida pelo projeto Qualificação de Dispositivos de Assistência Circulatória no Sistema Único de Saúde (DACs), realizada pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do PROADI–SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde). Além de receberem o tratamento completo – que atualmente não é oferecido pelo SUS – os pacientes também recebem acompanhamento no Hospital Moinhos de Vento. Inicialmente voltado ao atendimento de pacientes com insuficiência cardíaca, em função da pandemia o projeto direcionou seus esforços para pacientes acometidos pela Covid-19.

Segundo Daniel Schneider, líder do projeto do Hospital Moinhos de Vento, o tratamento com ECMO era a última alternativa para esses pacientes, que já tinham passado por todos os tratamentos usuais, sem sucesso: “Podemos dizer, com certeza, que essa terapia salvou a vida dessas pessoas”, enfatiza. Os pacientes estavam internados na UTI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).

Dentre os casos atendidos, um deles estava internado no município de Rio Grande, no sul do Estado, mas a condição não permitia transporte de longa duração sem o suporte de oxigênio: “Elaboramos então, em conjunto com a equipe do HCPA, uma operação para que o paciente pudesse ser transportado já em suporte de ECMO. Hoje, ele está em recuperação, em acompanhamento pela equipe do Clínicas”, lembra.

O médico cardiologista Rodrigo Wainstein, responsável técnico pelo projeto, lembra que a adição de insumos para ECMO especificamente em pacientes do SUS com Covid-19 mostra o comprometimento do projeto, do PROADI-SUS e do Hospital Moinhos de Vento no enfrentamento da pandemia: “Ficamos extremamente gratificados de saber que nosso projeto está fazendo a diferença no atendimento desses pacientes e ajudando a salvar vidas”, reitera.

O que é ECMO?

Oxigenação por membrana extracorporal (ECMO) é uma técnica de circulação extracorpórea que usa uma espécie de motor para fazer circular o sangue fora do corpo, para depois regressar à corrente sanguínea. O ECMO pode ser utilizado de duas formas: a veno-venosa, utilizada em pacientes com insuficiência respiratória, como a causada pela Covid-19; e a veno-arterial, utilizada em casos de insuficiência cardíaca.

Projeto DACs

Estima-se que entre dois e quatro milhões de brasileiros sejam acometidos pela insuficiência cardíaca, que é a principal causa de hospitalização na população idosa. No Brasil, os DACs de curta duração (implantados por dias ou semanas), recentemente ganharam espaço na terapia avançada em centros de excelência. Os dispositivos podem salvar muitas vidas e ainda não são disponibilizados a pacientes do SUS.

Neste contexto, o objetivo do projeto do Hospital Moinhos de Vento é avaliar o uso de DACs no SUS, dando subsídios à tomada de decisão a respeito da possível incorporação desta tecnologia. O projeto realiza um grande estudo, em nível nacional, que avalia a efetividade da utilização destes dispositivos em pacientes críticos e os custos associados à sua implementação.

O estudo DACs é realizado em cinco hospitais de alta complexidade da região Sul do Brasil (quatro no Rio Grande do Sul e um no Paraná). Até hoje, 58 pacientes já receberam o ECMO, seis deles com Covid-19. Eles são acompanhados por até 90 dias depois da alta hospitalar. “Com certeza o projeto é responsável pelo maior acompanhamento de pacientes com implantes de ECMO no contexto nacional”, afirma Schneider.

Os dados clínicos são coletados pelos pesquisadores em prontuário, que registra os dados desde o início da internação que levou ao implante até a alta hospitalar ou o desfecho em 90 dias. A metodologia de análise de custos empregada é a de Microcusteio – neste método, cada etapa do atendimento é identificada e, para cada uma é avaliada o seu custo em insumos e horas de pessoal. Até outubro, o projeto deve entregar os resultados dos estudos ao Ministério da Saúde.

Redação

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