O preço dos medicamentos vendidos aos hospitais no Brasil registrou em agosto a maior queda deste ano (-2,29%), o que representa o terceiro recuo consecutivo do índice após as quedas em julho (-1,90%) e junho (-0,81%). Os dados são do Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador criado pela Fipe em parceria com a Bionexo, healthtech especialista em soluções digitais para gestão em saúde.
Trata-se do segundo maior recuo mensal da série histórica do índice, iniciada em janeiro de 2015, ficando atrás apenas de setembro do ano passado, quando houve queda de -2,48% (imagem abaixo). O resultado ficou abaixo do comportamento do IPCA/IBGE (+0,87%), da taxa média de câmbio (+1,84%) e do IGP-M/FGV (+0,66%) no período.
“O avanço da vacinação e a redução da demanda sobre o sistema de saúde nacional, aliados à progressiva normalização da oferta de medicamentos, estão contribuindo para a acomodação dos preços nos últimos meses”, avalia Rafael Barbosa, CEO da Bionexo.
“Houve quatro momentos na pandemia que impactaram no preço dos medicamentos: o choque inicial de demanda, com aumento dos preços, no começo de 2020; o arrefecimento e queda na demanda, no fim do ano passado; a segunda onda com novo aumento, no início deste ano; e, finalmente, este momento de queda na demanda e novo recuo nos preços”, conclui o executivo.
Em agosto, o comportamento do índice foi impactado pela queda nos preços de quase todo os grupos de medicamentos, com destaque para aparelho cardiovascular (-9,91%); sistema nervoso (-8,34%); sistema musculoesquelético (-5,97%); preparos hormonais (-4,84%); anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-3,57%); aparelho digestivo/metabolismo (-2,29%); entre outros. Em contraste, os únicos grupos que registraram alta mensal nos preços em agosto foram imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+2,86%) e agentes antineoplásicos (+0,08%).
No acumulado do ano, a alta de 9,93% do IPM-H é influenciada pelos aumentos observados em quase todos os grupos de medicamentos incluídos na cesta do índice: sangue e órgãos hematopoiéticos (+19,70%), preparados hormonais (+16,72%), aparelho digestivo e metabolismo (+13,61%), sistema nervoso (+13,12%), imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+13,00%), órgãos sensitivos (+10,47%), sistema musculoesquelético (+8,88%), aparelho respiratório (+6,13%), agentes antineoplásicos (+6,07%), anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (+5,66%) e aparelho geniturinário (+4,06%).
Já em relação aos últimos 12 meses encerrados em agosto/2021, a elevação apurada no IPM-H (+7,85%) é impulsionada pelas variações registradas nos seguintes grupos: aparelho digestivo e metabolismo (+28,27%), sangue e órgãos hematopoiéticos (+23,80%), sistema musculoesquelético (+13,58%), imunoterápicos, vacinas e antialérgicos (+13,42%), órgãos sensitivos (+9,62%), aparelho respiratório (+7,10%), sistema nervoso (+6,51%), aparelho geniturinário (+5,84%), preparados hormonais (+5,25%) e agentes antineoplásicos (+4,21%).
IPM-H
O Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H) é uma parceria entre a Fipe e a Bionexo, com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro. O IPM-H é elaborado com base nos dados de transações realizadas desde janeiro de 2015 através da plataforma Bionexo, por onde são transacionados mais de R﹩ 12 bilhões de negócios no mercado da saúde por ano, o que representa cerca de 20% de tudo que é transacionado no mercado privado nacional.
A healthtech conecta mais de duas mil instituições de saúde a mais de 20 mil fornecedores de medicamentos e suprimentos hospitalares. A cada mês e para cada grupo de medicamentos, a FIPE calcula o índice de variação do seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração algumas variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço das negociações, incluindo: (i) quantidade de produtos transacionada; (ii) distância geográfica entre hospitais e fornecedores.
Os medicamentos são agrupados em 13 grupos terapêuticos (classificação da ATC*) e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Bionexo no ano anterior. O IPM-H consolida o comportamento dos índices dos preços de cada grupo terapêutico, também ponderados pelo valor transacionado do grupo na plataforma.
Embora possam estar correlacionados, o comportamento do IPM-H não mensura o comportamento dos preços de medicamentos em farmácias, isto é, nos preços ao consumidor final (segmento varejo). Além disso, o IPM-H não é uma medida de variação dos custos dos hospitais e/ou planos de saúde, que envolvem também gastos com equipamentos, procedimentos, materiais recursos humanos, protocolos de tratamento/atendimento e segundo frequência de uso.