As próteses do quadril, com a qual, atualmente, convivem boa parte dos brasileiros, permitem recuperar a qualidade de vida, a caminhada e o prazer por esportes mesmo que leves como natação e pedalar uma bicicleta. Mas, de acordo com a Sociedade Brasileira do Quadril (SBQ), que reúne quase 700 cirurgiões especializados no país, os portadores devem evitar esportes competitivos e que sobrecarreguem a articulação como corridas, basquete, futebol ou mesmo tênis.
“A medicina evoluiu de forma extraordinária nos últimos anos. As próteses de concepção moderna e feitas de novos materiais permitem ótima qualidade de vida e tem excelente durabilidade”, diz o presidente da SBQ, Giancarlo Cavalli Polesello. O especialista alerta, no entanto, que as próteses não substituem as funções de um quadril natural. “A melhor prótese não tem, entretanto, as mesmas qualidades do quadril de que nos dotou a natureza e, se exigida demais, está sujeita ao desgaste prematuro, não evita a volta da dor nem o retorno às limitações anteriores à cirurgia”, conclui Polesello.
De acordo com o médico, as próteses são a solução para fraturas de colo do fêmur, geralmente decorrentes de osteoporose; por traumas provocados por acidentes, principalmente de motocicleta; pela artrose e doenças que também podem afetar pessoas jovens. “No passado, esses problemas chegavam a comprometer de forma permanente a caminhada e o desempenho profissional, faziam o paciente mancar para sempre’’, diz o ortopedista. ‘‘Com o avanço da medicina, as próteses se tornaram mais duradouras, a cirurgia menos invasiva e muito segura”, finaliza.
Cuidados
Giancarlo alerta que as recomendações para o período pós-operatório devem ser cumpridas, já que o acompanhamento e a fisioterapia são vitais para que a recuperação seja excelente. A preocupação dos especialistas, porém, é que notícias sobre próteses milagrosas e de pacientes que voltam a disputar torneios levem quem foi operado a se descuidar e fazer esforços extraordinários para os quais as próteses não foram feitas. “Essas notícias sobre atletas que com próteses totais de quadril voltam a ter sucesso não falam das repetidas operações a que foram submetidos”, diz Polesello. ‘‘Nada dizem sobre as extenuantes horas de fisioterapia e sequer dos jogos que tiveram que abandonar em meio ou que perderam, devido ao retorno da dor ou ao desgaste da prótese’’, afirma o médico.
Para ele, a medicina moderna consegue devolver a qualidade de vida em quase todos os casos. ‘‘Devemos ser gratos por isso, mas não se pode exigir uma performance de atleta de ponta de um paciente que tem uma articulação mecânica e não-natural. Todo cuidado e prudência são necessários nesse momento”, conclui.