Tecnologia transforma estômago de ovelha para acelerar cicatrização de feridas

Uma empresa de biotecnologia da Nova Zelândia transforma a porção inicial (rúmen) do estômago de ovelhas através de um processo de remoção das células que provocam a resposta imune, mantendo intacta a matriz extracelular, idêntica à humana e que oferece uma estrutura com moléculas biológicas que ajudam na cicatrização de feridas.

No dia 19 de maio, o Prof. Kevin Woo, uma autoridade mundial em pesquisa científica sobre doenças crônicas e tratamento de lesões da Queen’s University em Kingston (Canadá), abordou a tecnologia em uma conferência internacional no SIMFER-USP 2022, Simpósio de Tratamento de Feridas da USP em São Paulo. “A tecnologia desta matriz extracelular possibilita colocar feridas crônicas de volta a uma trajetória normal de reparo tecidual, oferecendo uma estrutura e fatores que são essenciais para a cicatrização de maneira custo-efetiva”, afirma.

Em um estudo comparativo com dados de mundo real publicado recentemente no International Wound Journal, do qual o Dr. Woo também participou, foram considerados 25.762 pacientes em 455 centros de tratamento dos Estados Unidos, e de acordo com metodologia do estudo, 2.222 feridas em pé diabético foram divididas em dois grupos parecidos, onde foram usadas a matriz extracelular e uma cobertura de colágeno bovino com celulose oxidada regenerada, respectivamente. O grupo que recebeu a matriz extracelular apresentou uma redução do tempo de cicatrização de até 5,6 semanas, com 38% de aumento de probabilidade de cicatrização.

A Sociedade Brasileira de Diabetes informa que 31% das feridas complexas em nosso país resultam em complicações da diabetes. Aproximadamente 55 mil brasileiros perdem uma parte do corpo devido à doença. Cerca de 70% das amputações no Brasil devem-se às altas taxas de açúcar no sangue. De acordo com o Atlas de Diabetes, publicado em dezembro pela International Diabetes Federation (IDF), o Brasil gasta em torno de US$ 52,3 bilhões por ano no tratamento de adultos de 20 a 79 anos, o que resulta em cerca de US$ 3 mil dólares por pessoa.

“É como se estivéssemos fornecendo a matriz extracelular, que foi destruída pela ruptura da pele. É um tratamento do qual os pacientes têm se beneficiado bastante”, completa Dr. Felipe Lacerda, cirurgião plástico de São Luís (MA).

A Aroa Biosurgery, sediada em Auckland, já vendeu mais de 4,5 milhões de unidades desta tecnologia, que tem salvado vidas também aqui no Brasil. Em março deste ano sua matriz extracelular recebeu o prêmio de dispositivo mais inovador concedido pela conceituada publicação inglesa “Journal of Wound Care”, durante o congresso da WUWHS em Abu Dhabi, o qual reúne a cada quatro anos sociedades científicas internacionais de tratamento de feridas.

Redação

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