Telemonitorização já é realidade para médicos brasileiros

Dados do levantamento da Associação Paulista de Medicina (APM), realizado no ano passado, demonstram que 90% dos médicos acreditam que as novas ferramentas digitais trazem alto padrão de segurança e ética e podem ajudar a melhorar a saúde da população. O mesmo percentual acredita que o sistema público de saúde poderia ser beneficiado com esses dispositivos para diminuir filas por atendimento especializado e 70% pensam que a telemedicina permite ampliar o atendimento médico além do consultório, com segurança de dados e privacidade entre médico e paciente.

A regulamentação da modalidade no Brasil, em março de 2020, tem como um dos objetivos garantir que a medicina chegue com qualidade em locais afastados dos centros urbanos ou para pessoas que tenham sua mobilidade limitada. O novo posicionamento dos médicos demonstra que a telemedicina não atua apenas como um paliativo, neste momento de pandemia, mas que veio para ficar.

Para pacientes que estiveram internados em UTIs (Unidade de Terapia Intensiva) por longos períodos por causa da Insuficiência Respiratória Aguda ligada à Covid-19, a reabilitação física e respiratória torna-se indispensável¹ e a telemedicina tem possibilitado o acompanhamento do tratamento pós-Covid no âmbito domiciliar, por meio de aparelhos de ventilação que fazem a transmissão de dados clínicos do paciente automaticamente pela nuvem, permitindo um acompanhamento mais efetivo e evitando intercorrências2.

“Temos atuado junto a diversos pacientes para orientação da forma correta de usar a ventilação mecânica domiciliar como forma de extensão do tratamento de Covid-19. A possibilidade da conectividade com esse paciente é algo novo e que vem trazendo resultados muito benéficos”, diz Gerardo Ferrero, Area Business Head da América Latina Sul da ResMed.

Apneia do sono como doença crônica e tratamento a distância

Não só doenças virais, como a Covid-19, podem gerar dificuldade para respirar. A apneia do sono, ainda pouco conhecida dos brasileiros – 85% dos que têm desconhecem que possuem a condição –, pode gerar distúrbios graves de saúde por conta das interrupções noturnas na respiração.

“Temos um questionário bastante preciso em nosso site para aqueles com alguma desconfiança de que uma noite mal dormida, com presença de roncos, sonolência diurna, dores de cabeça ao despertar, que pode estar relacionada à apneia. Depois disso, indicamos um diagnóstico mais completo com os médicos parceiros da Sociedade Brasileira do Sono”, destaca Gerardo.

Ao ser confirmada a apneia, a indicação mais frequente é o tratamento pelo CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), que se trata de um pequeno aparelho compressor de ar silencioso, que mantém a via aérea superior aberta. “O tratamento deve ser contínuo para bons resultados porque se trata de uma doença crônica. Neste caso, a telemonitorização é muito importante porque com ela é possível manter o acompanhamento constante desse paciente, mesmo a distância, com a vantagem de otimização do tempo e custos menores”, explica Gerardo.

O paciente também pode ter acesso aos dados da sua terapia por meio de um aplicativo chamado MyAir, um serviço de coaching virtual por meio do qual ele pode acompanhar o progresso de seu tratamento.

Estudos mostram que a taxa de adesão à terapia com CPAP utilizando o telemonitoramento, no Brasil e no México, é similar à alcançada nos Estados Unidos, apesar das variações na cobertura do tratamento pelos sistemas de saúde e das variáveis socioeconômicas e educacionais. As métricas da terapia, como a média diária de uso e os dias em que foi utilizada por mais de 4 horas na primeira semana, são fortes indicadores do prognóstico de adesão3.

Referências:

(¹CC Nielsen)
(2The Johns Hopkins Post-Acute COVID-19 Team)
(PACT): A Multidisciplinary, Collaborative, Ambulatory Framework Supporting COVID-19
Survivors – The American Journal of Medicine
(3A adesão para a terapia foi definida como uso da PAP por ≥ 4 horas em ≥ 70% das noites em 30 dias consecutivos no período de 90 dias do início do tratamento – conforme critérios da CMS – Centers for Medicare and Medicaid Services, EUA).

Redação

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