Tratamento cirúrgico da obesidade é tema de reunião com Ministro da Saúde

Com o avanço da vacinação entre a população idosa e em pacientes com doenças crônicas, a obesidade e suas consequências são evidentes fatores de risco nos casos graves de Covid-19 em pessoas mais jovens no Brasil.

Aliado a isso, o tratamento cirúrgico da obesidade foi restrito em todo o país com a pandemia. O número de cirurgias bariátricas realizadas pelo SUS caiu em 69,9% em um ano, saindo de 12.568 em 2019, para 3.772 em 2020. Em 2021, até o mês de maio, foram realizadas 484 cirurgias pelo Sistema Único de Saúde.

A redução impacta diretamente no tempo de espera dos pacientes que precisam ser operados devido às comorbidades associadas ao excesso de peso, em todas as faixas etárias.

Na saúde suplementar, por meio de planos de saúde, foram realizadas 52.699 cirurgias em 2019, os números de 2020 ainda não foram divulgados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Para debater este e outros aspectos referentes a obesidade assunto representantes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) reuniram-se nesta segunda-feira (21), em Brasília (DF), com o Ministro da Saúde Marcelo Queiroga.

“Os mais recentes estudos realizados no mundo comprovaram que a perda de peso proporcionada pela cirurgia bariátrica reduz em 48% o risco de mortalidade por Covid-19, diminui em 113% o risco de internação, em 74% o risco de UTI e em 64% o risco de intubação”, apontou o presidente da SBCBM, Fábio Viegas.

O presidente da SBCBM defendeu o retorno das cirurgias no Brasil, tendo em vista que muitos pacientes estão morrendo nas filas de espera, devido ao coronavírus ou pelas doenças crônicas associadas à obesidade, como o diabetes, hipertensão, cardiopatias, insuficiências renais e outros.

“Cirurgia bariátrica não é cirurgia estética. Precisamos pensar que os pacientes com obesidade grave, reduzem a cada dia suas chances de vida”, disse Viegas.

INTEGRAÇÃO – Outro ponto importante abordado na audiência foi a integração entre o banco de dados da SBCBM e o Datasus no que se refere ao acompanhamento dos pacientes bariátricos.

“Estamos propondo uma integração para garantir um bom acompanhamento ao paciente, especialmente no pós-operatório, com acesso aos procedimentos de cirurgia bariátrica e metabólica realizados, resultados obtidos e a redução de riscos”, completou Viegas.

CAPACITAÇÃO – A oferta de serviços por profissionais capacitados em cirurgia bariátrica é ponto comum entre o Ministério e a SBCBM. A Sociedade ofereceu suporte no que se refere à atualização dos requisitos e melhores variáveis para identificar desfechos clínicos dos pacientes já operados, roteiros de avaliação dos serviços de cirurgia existentes e também para ampliar a oferta de atendimento e capacitar serviços que ainda não estão habilitados em cirurgia bariátrica pelo SUS. No Brasil apenas quatro estados da federação estão contemplados: Amazonas, Roraima, Amapá e Rondônia.

“Os cirurgiões associados a Sociedade estão dispostos a contribuir com este processo, já que existe desinformação quanto a habilitação e credenciamento dos estabelecimentos, no SUS, bem como dificuldades para estruturação de Unidade Especializada de Alta Complexidade para realização das cirurgias bariátricas. A ideia é desenvolver um plano estratégico para a demanda de procedimentos eletivos postergados durante a pandemia, diminuindo o tempo de espera para realização do procedimento cirúrgico”, destacou Viegas.

Participaram da audiência a coordenadora geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Ana Patricia de Paula, o diretor do DataSus, Jacson Barros; o vice-presidente executivo da SBCBM, Luiz Vicente Berti, o diretor médico da SBCBM, Luiz Fernando Córdova e o ex-presidente do Capítulo da Paraíba e conselheiro dos Capítulos da SBCBM, Augusto Almeida Junior.

Critérios para indicação da cirurgia bariátrica

No Brasil, a cirurgia bariátrica pode ser indicada quando os pacientes atendem a critérios de peso, idade e/ou doenças associadas.

Estão aptos os pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades; IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença.

A idade também é fator a ser analisado. Pacientes entre 18 e 65 anos não têm restrição. Acima de 65 anos, o paciente deverá passar por uma avaliação individual.

Em pacientes com menos de 16 anos, o Consenso Bariátrico recomenda que a operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação.

 

Saiba quais são os critérios para vacinar obesos contra Covid-19

Nos últimos meses, os governos dos estados brasileiros vêm incluindo pessoas com obesidade grave nas listas prioritárias para a vacinação contra a Covid-19. Mesmo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) defina a obesidade pelo Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30, para que o paciente seja vacinado prioritariamente contra a Covid-19 é preciso que o índice seja maior que 35, o obeso grave. Além disso, pessoas que passaram pela cirurgia bariátrica também podem receber a imunização por se tratar de doença crônica.

De acordo com o cirurgião bariátrico e do aparelho digestivo do Hospital Brasília Luiz Fernando Córdova, pessoas com IMC entre 35 e 40 entram nos requisitos para a prioridade. De acordo com o especialista, os critérios para casos de prioridade são comorbidades, ou doenças associadas, como hipertensão, diabetes, imunodeprimidos, transplantados e os obesos graves. Por obesidade ser doença crônica, aqueles que passaram pela cirurgia bariátrica recentemente também podem receber a dose.

“Alguns estados ampliaram a gama de pacientes. Por exemplo, em algumas cidades no Brasil, os governantes abriram a vacinação para aqueles que iam operar e para os pacientes operados, considerando que eles estão melhor da obesidade, melhor das doenças, mas que continuam tendo uma doença crônica. Por outro lado, na maioria dos estados do Brasil, os governantes levam em consideração os critérios de indicação para a cirurgia bariátrica, que são IMC acima de 35 com comorbidades ou IMC acima de 40, que é o obeso grave”, explica Luiz Fernando.

O médico informa que é importante salientar que os pós operados recentes, aqueles que ainda não iniciaram seus processos de manutenção da cirurgia bariátrica, devem se vacinar. De acordo com Luiz Fernando, esses pacientes ainda não se curaram das doenças causadas pela obesidade.

Em todos os casos, o médico explica que ainda assim há necessidade da comprovação médica, mesmo que o caso seja visível. “Tem que ter laudo do médico. É preciso atestar se o paciente é portador de tal peso, tal altura, tal IMC, tais doenças associadas, colocando o CID e indicando a vacina”, finaliza.

Redação

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