Estima-se que até 2020, os gastos globais com saúde atinjam US$ 8,7 trilhões. Uma pesquisa mais detalhada revela que aproximadamente um quinto dos investimentos em saúde é “desperdiçado” em atendimentos ineficazes. Alguns desses desbaratos que prejudicam a qualidade em saúde são efeitos das escolhas clínicas feitas pelos profissionais envolvidos nos cuidados ao paciente.
O foco nas práticas tomadas com relação às decisões clínicas baseadas em evidências veio à tona apenas nos últimos anos. Isso foi acontecendo a partir do momento em que o ecossistema de saúde passou a adotar medidas mais cautelosas. Sempre visando a melhoria dos processos de fluxo de trabalho e do gerenciamento de recursos, para assim, reduzir a as variações injustificadas nos cuidados e torná-los mais eficazes.
No entanto, para apoiar essas mudanças, é essencial primeiro reconhecer porque variabilidade no atendimento clínico de fato ocorre.
#1 Variações em livros didáticos
Os médicos acabam adotando uma linha de atuação ou de tratamento dependendo do tipo de formação inicial que teve ou até mesmo baseados na maneira como os seus colegas reagiriam diante de uma situação semelhante. Um exemplo disso é o uso de betabloqueadores após infarto agudo do miocárdio (IM). Segundo dados do Atlas de Saúde de Dartmouth, em 37 regiões que servem como referência hospitalar, a taxa de uso desse medicamento variou de 40% a 83%.
#2 Muitas opções de tratamento
O problema pode acontecer devido às muitas opções de tratamentos. É preciso elevar a importância de uma abordagem centrada no paciente, levando em consideração que quem recebe os cuidados pode não ter acesso às informações apropriadas ou mesmo dispor da capacidade de tomar decisões informadas.
#3 Erros por medicação
Incluindo desde terapias inapropriadas, eventos adversos relacionados a medicamentos e problemas com dosagem, os erros por medicação ocasionam impactos devastadores nos pacientes e podem ocorrer em todos os estágios de um processo de tratamento (isto é, prescrição, entrada de pedidos, dispensação, administração e processos de instrução).
# 4 Acesso tendencioso à beira do leito
A oferta limitada de leitos pode contribuir para discrepâncias na prestação de cuidados aos pacientes e nas opções adequadas de tratamento e de serviços prestados ao paciente.
# 5 Driblando as evidências
O simples fato de incorporar pesquisas baseadas em evidências aos cuidados prestados não significa que o profissional esteja seguindo-as. As seguintes etapas são importantes para que isso ocorra: localizar a pesquisa ou a evidência; avaliá-las; implementá-las; e analisar as mudanças necessárias e os resultados trazidos ao pacientes. A partir do momento em que deixam de ser cumpridas, surgem lacunas e a qualidade dos serviços prestados em saúde é prejudicada.
Somente quando os sistemas de saúde se comprometerem a alcançar a eficácia clínica haverá progressos no equilíbrio da equação qualidade em saúde x custos.
Wilson Lemes é Country Manager LATAM da Wolters Kluwer Helth, formado em Marketing, Negociação, Planejamento de Negócios, Dispositivos Médicos e Desenvolvimento de Negócios. O executivo acumula passagens por empresas como GE Healthcare, Nobel Biocare e O4B Consulting