Artigo – Dia do Pediatra: a escolha pela medicina

Aquele que te acompanhou desde o momento em que saiu do ventre materno. Aquele que orientou seus pais de como cuidar daquele ser complexo, recém-chegado, sem manual de instruções e que trouxe consigo inúmeras dúvidas. Aquele que acompanhou e monitorou suas primeiras refeições, seus primeiros passos. Aquele que cuidou de suas primeiras febres e dores. Aquele que compartilhou seus primeiros sorrisos e suas primeiras lágrimas. Aquele que acolheu sua família nos momentos mais angustiantes de seus primeiros anos de vida. Aquele que muitas vezes perdeu seus compromissos e suas horas de sono ou de lazer para poder te trazer conforto.

São inúmeras as maneiras de descrever o tamanho da importância que o Pediatra teve na vida de cada um de nós. É um personagem especial dentro da história e da evolução da medicina e um dos poucos especialistas que, ainda hoje, olha para o paciente como um todo, e não setorizado, repartido em sistemas e órgãos; é um dos poucos que busca compreender o funcionamento daquele ser humano dentro de um contexto social e familiar, com todos os incontáveis fatores moduladores ao redor de cada um de nós. Ainda é um dos poucos grupos da Medicina moderna que foca muito mais na prevenção de doenças e educação em saúde do que no diagnóstico tecnológico e nos tratamentos complexos. Por isso, e muito mais, é um profissional tão especial e que merece as homenagens prestadas neste dia 27 de Julho.

Aprendi a tomar gosto pela Medicina no segundo ano do Ensino Médio, quando comecei a acompanhar meu tio Sérgio, clínico geral de mão cheia, em seu dia a dia de cuidados de seus doentes. Foi fascinante a percepção de como ele fazia (e ainda faz!) a diferença na vida daquelas pessoas carentes na zona leste de São Paulo. Foi nessa época que deixei de lado a área de Exatas, pois eu estava propenso a escolher alguma profissão voltada para os números, e decidi por caminhar pela Missão da Medicina.

Uma vez na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, onde estou desde 2001, fui tomando gosto pela compreensão dos complexos mecanismos de funcionamento do corpo humano. Mas, ao mesmo tempo, preocupado com o sofrimento que via no rosto das pessoas, desesperadas por curas, tratamentos e, muitas vezes, apenas por acolhimento, cuidado e carinho. Descobri, durante a faculdade, a importância do lúdico, da empatia, a diferença que o sorriso podia trazer para o bem-estar de cada paciente. E, nesse campo, tive grandes mestres. Seria injusto apontar nomes, pois eu estaria esquecendo de vários. Mas uma história se destaca: a de Hunter Patch Adams…sim…aquele do filme com Robin Williams. E de meu professor de Clínica Médica, Dr. Jamiro da Silva Wanderley. Foram exemplos como o deles que me mostraram que o médico podia ser mais que um grande diagnosticador ou um grande cirurgião. E foi por eles que entrei para um grupo de estudantes palhaços chamado “Xô Dodói”, uma versão amadora dos Hospitalhaços. Assim, aproximei-me da pediatria e fui tomando gosto por fazer a diferença na vida das crianças e suas famílias.

Com o tempo e a experiência, mantendo a paixão pela clínica e pela compreensão da completude da complexidade da vida humana, optei por trilhar o caminho da pediatria. Um desafio! Talvez um dos maiores da Medicina. Cuidar de seres que, por muito tempo, não sabem falar, não sabem dizer onde dói, mas que mostram na atitude, no comportamento, nos sinais vitais e no olhar onde está o problema, seja na mente, no coração ou na emoção.

Na medicina moderna é louvável a subespecialização. Quanto mais estudamos um tema, mais especialistas nos tornamos e maior a acurácia e a capacidade de conseguirmos resolver um problema de saúde. Mas muitas vezes, consertamos a perna ou a próstata que está doente, mas não conseguimos consertar o doente que está com a perna ou com a próstata. Quando estudamos um sistema, como o Trato Respiratório, por exemplo, conhecemos mais e melhor os caminhos diagnósticos e os tratamentos disponíveis. Ganhamos destaque por isso. E não quero, de maneira alguma, tirar os méritos e a importância dos grandes especialistas, como o urologista que cuida da próstata e o pneumologista especializado em carcinoma de pulmão. Mas quero enaltecer o tamanho do desafio que é ser pediatra.

Nós temos de conhecer a endocrinologia toda para compreender o crescimento. Tem que ser especialista em neurologia para acompanhar o desenvolvimento. Tem que ser expert em imunologia e infectologia, pois as crianças, com seus sistemas imunológicos imaturos, ficam doentes a todo momento. São pneumologistas de mão cheia, que sabem de todas as patologias respiratórias. São dermatologistas, reumatologistas, nefrologistas, enfim, tem uma carga infinita de caminhos e processos que precisam dominar. E, mais que isso, precisam dominar o normal e o patológico. Porque muito da rotina do pediatra é apenas compreender o que é normal, o que é tolerável, o que não é doença. O pediatra ainda precisa ser psicólogo, sociólogo e, principalmente, amigo. Precisa dar atenção à família e aos cuidadores, o que muitas vezes é muito mais desafiador e difícil do que cuidar da própria criança enferma.

Ser pediatra é, acima de tudo, uma arte, um sacerdócio, um exercício de um dom.

Dentro de meu caminho na Pediatria, os ventos me trouxeram ao Vera Cruz Hospital, onde estou há nove anos e, navegando neste barco, chegou a Hospital Care e, há 1 mês, a coordenação das 2 unidades de Terapia Intensiva Pediátrica, do próprio Vera Cruz Hospital e do Vera Cruz Casa de Saúde. É com muito orgulho que participo desse projeto grandioso, de expansão, de qualificação do atendimento à criança doente de Campinas e Região. As unidades pediátricas (Pronto Socorro, Enfermaria e UTI) do Vera Cruz Casa de Saúde foram implementadas ao longo do primeiro semestre de 2022 dentro da compreensão da necessidade de acolhimento das crianças e de cuidados dos pequenos enfermos. São unidades que se desenvolvem a pleno vapor e que estão prontas para receber quem nos procura, oferecendo a eles o que há de mais moderno e mais humano.

As unidades Vera Cruz são, hoje, responsáveis por um market share importante da saúde de Campinas e região. São milhares de vidas que contam com nosso trabalho, nossa assistência, nosso cuidado. E, nesse enorme grupo de pessoas, são milhares as crianças que necessitam do pediatra e da pediatria. Dentro dessa estruturação, não trazemos apenas as duas UTIs Pediátricas, agora sob minha coordenação, mas também mais três unidades de Pronto Atendimento, duas enfermarias, uma Unidade de UTI Neonatal, uma enfermaria de alojamento conjunto/maternidade, além das unidades externas que contam com os serviços ambulatoriais para seguimento das crianças. Projeto que almeja expansão, estando em fase de estudos mais uma unidade de cuidados neonatais, com maternidade e UTI dentro do Complexo do Vera Cruz Casa de Saúde.

E, pela grandeza e brilhantismo do grupo, o Vera Cruz presta essa homenagem e manifesta os sinceros agradecimentos, congratulando todos os pediatras que comemoram o seu dia neste 27 de Julho. Parabéns a todos os Médicos Pediatras!

Crédito: Matheus Campos

 

Dr. Sidney Volk é Coordenador da UTI Pediátrica das unidades Vera Cruz Hospital e Vera Cruz Casa de Saúde, em Campinas (SP)

Redação

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