Artigo na New England Journal of Medicine destaca modelo de cuidado baseado em valor

Um novo modelo de atendimento a pacientes oftalmológicos, idealizado pela Excella, startup da Hospital Care, é um dos destaques da edição atual da revista New England Journal of Medicine (NEJM), uma das mais influentes do mundo na área de medicina. A iniciativa pioneira no Brasil foi aplicada na Clínica de Oftalmologia Vera Cruz – nova unidade da holding Hospital Care baseada na agenda de valor (Value Based Healthcare, VBHC) –, proporcionando redução no custo total do cuidado para a operadora de planos de saúde e diminuição no número de visitas e exames dos pacientes.

A Clínica de Oftalmologia Vera Cruz, localizada em Campinas (SP), começou a funcionar em abril de 2020. Os resultados decorrentes do novo modelo de atendimento aplicado mostram um impacto positivo tanto por parte da perspectiva do pagador como por parte dos pacientes. A redução do custo total do cuidado com a oftalmologia foi de 24,7%. A concentração de todos os cuidados com os olhos em um único local resultou em uma diminuição do número de visitas (17,2%) e do número de exames (17,6%). Quanto ao retorno dos pacientes com os novos procedimentos, o NPS global durante este período foi de 94 com base na resposta de 2.509 pacientes.

O desenvolvimento do Novo Modelo de Atendimento

Ao avaliar os custos da prestação de cuidados ao longo de dois anos, a Hospital Care observou que a oftalmologia representava um alto gasto para o Vera Cruz Plano de Saúde. Os cuidados oftalmológicos eram prestados por fornecedores credenciados e contratualizados no sistema de remuneração baseado em volume, dificultando o controle de custos. Adicionalmente, esse modelo não estava baseado em diretrizes clínicas, medidas de resultados clínicos e indicadores da percepção do paciente sobre a qualidade do cuidado. Por fim, havia grande variabilidade entre os prestadores no número de exames e cirurgias em relação as consultas dos pacientes, apesar do perfil semelhante da população que procurava atendimento oftalmológico entre todos os provedores credenciados.

Foi feito, então, um estudo para definir as oportunidades sob a perspectiva da variação não justificada do cuidado, com base no perfil de utilização como, por exemplo, no uso de determinados procedimentos de alto valor agregado. Além disso, foram definidas três linhas de cuidado com base em condições médicos oftalmológicas que representavam 70% dos gastos com os cuidados com os olhos no Vera Cruz Plano de Saúde. Por fim, foi contratualizado um novo modelo baseado em valor, onde as partes definiram com base em estudos e análises o potencial de redução dos desperdícios segundo evidências científicas disponíveis na época.

“Isso foi possível a partir da parceria com um grupo fantástico de Oftalmologistas, que originou a Clínica de Oftalmologia Vera Cruz, pautada em um relacionamento transparente, em um alinhamento de mindset empreendedor e um desejo de transformar a forma atual relacionada à lógica da prestação de serviços de saúde”, explica Dr. Fábio Gonçalves, CEO da Excella e um dos coautores do artigo. Além disso, a parceria com o Vera Cruz Plano de Saúde possibilitou o desenvolvimento de um modelo de contrato baseado em compartilhamento de riscos inspirado na filosofia das Accountable Care Organizations (ACO’s) dos Estados Unidos. “Este contexto proporcionou o atendimento dos pacientes em apenas um lugar, além do uso de protocolos e linhas de cuidado que permitiram a redução dos índices em comparação com o período antes do lançamento, alcançando resultados clínicos superiores a benchmarks internacionais”, explica Dr. Pedro Vanalle Ferrari, diretor clínico da Clínica de Oftalmologia Vera Cruz e também coautor do artigo publicado pela NEJM.

A Clínica de Oftalmologia Vera Cruz compreende seis salas de exame, um centro de diagnóstico (para diagnóstico e tratamento de doenças dos olhos), três salas de cirurgia, um centro de laser e um centro de lentes de contato. O pessoal de apoio foi treinado para operar equipamentos e testes de diagnóstico, permitindo que a equipe médica se concentrasse exclusivamente nos pacientes atendidos.

Valor e Acesso

A Excella é uma startup de saúde e tecnologia que desenvolve, com base nos melhores conhecimentos científicos existentes, estratégias de Valor e Acesso.

Hoje, um dos grandes problemas da saúde no Brasil é o crescimento descontrolado da inflação médica (VCMH cresce dois dígitos), muito acima do índice de inflação normal, uma discrepância que gera uma série de impactos na cadeia de valor da saúde, como no custo dos planos de saúde, dificultando a manutenção do benefício pelas pequenas e médias empresas e pelas pessoas físicas, por exemplo. Segundo o IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), em 2017, quase R$ 28 bilhões dos gastos das operadoras de planos de saúde (19,1% das despesas assistenciais) do Brasil com contas hospitalares e exames foram consumidos indevidamente por fraudes e desperdícios com procedimentos desnecessários. Esse consumo indevido compromete fortemente a qualidade da assistência, as finanças do setor e, por consequência, onera os contratantes de planos de saúde e seus beneficiários.

Atenta a este cenário, a Excella se dedica a equalizar os incentivos entre operadoras e prestadores de serviço de saúde, com o objetivo de reduzir o desperdício e a falta de transparência que prejudicam a contabilidade e as relações comerciais entre os players. O desenvolvimento do novo modelo de atendimento aplicado Clínica de Oftalmologia Vera Cruz reflete a atuação da startup da Hospital Care, como relata Dr. Fábio Gonçalves:

“Foi uma jornada maravilhosa onde o ponto de partida foi encontrar oportunidades para reduzir variações não justificadas do cuidado com o objetivo de melhorar os resultados de saúde, aprimorar a experiência do paciente e reduzir o custo total do atendimento. Definitivamente, esta é uma grande conquista ao explorar o caminho do cuidado baseado em evidências e o redesenho da prestação de serviços para ser pioneiro no mercado brasileiro de cuidados de saúde baseados em valor. A partir das variações não justificadas do cuidado encontramos um caminho para alinhar os incentivos entre o prestador do serviço assistencial e a fonte pagadora inserindo os pacientes no centro do cuidado. Agora precisamos escalar o modelo para outras condições médicas e regiões, com o propósito de criar mais valor para nosso ecossistema de saúde”, afirma.

Redação

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