Cuidados paliativos assumem papel estratégico na pandemia

No momento em que a média móvel de mortes por Covid-19 ultrapassa a casa dos 1.300 óbitos, nunca foi tão importante falar sobre os cuidados paliativos. Essa assistência é realizada por uma equipe multidisciplinar para oferecer ao paciente sem possibilidade de cura um fim de vida com maior qualidade e apoio aos familiares. Longe de ser sinônimo de eutanásia ou suicídio assistido, essa prática previne e alivia o sofrimento, analisa e trata a dor e os sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais, como preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Pelo preconceito que envolve o termo, sobre esta ideia de que ‘não há mais nada a ser feito’, profissionais de saúde que trabalham nesta área vêm cada vez mais trazendo à tona a discussão para a sociedade médica e a população em geral sobre o que realmente seriam tais cuidados”, afirma Marina Loureiro Maior, coordenadora médica da Pronep Life Care.

Durante a pandemia, essa abordagem terapêutica ganhou relevância. Na visão dos especialistas, o amplo conhecimento desta assistência poderá embasar cada vez mais a conversa entre paciente e médico, permitindo ao doente fazer as escolhas mais adequadas e de acordo com o que ele acredita ser o melhor para si.

Os cuidados paliativos devem seguir princípios gerais que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), aliviem a dor e outros sintomas, reafirmem a vida e a morte como processos naturais e integrem os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao estado clínico do paciente. Também precisam oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença, auxiliando o indivíduo a viver o mais ativamente possível até sua morte.

Em meio a tantos avanços tecnológicos na medicina, a discussão sobre os cuidados paliativos é importante, não apenas para evitar a prática de terapias ineficientes, como proporcionar aos pacientes portadores de doença sem possibilidade de cura e aos seus familiares, o cuidado mais adequado. “Uma abordagem interdisciplinar pode ser utilizada para dar aconselhamento e suporte ao luto e principalmente não apressar ou adiar a morte”, esclarece a médica.

No ano passado, São Paulo instituiu uma Política Estadual de Cuidados Paliativos, a fim de dar qualidade de vida e atenção integral de saúde das pessoas com doenças sem cura e seus familiares. Na opinião da médica paliativista Dra. Marina Loureiro Maior, essa e outras leis semelhantes possibilitarão que a sociedade conheça o que são os cuidados paliativos. “Informados sobre todas as possibilidades terapêuticas, as pessoas poderão exercer o princípio da autonomia e decidir junto aos seus médicos o que é plausível e factível em seus casos”, conclui.

Redação

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