Dia Mundial da Prematuridade: quando a equipe multidisciplinar faz a diferença

Durante a gravidez, uma das maiores expectativas é para o dia do parto: quando acontecerá? Em condições normais, o bebê nascerá após 37 semanas de gestação. No entanto, uma série de fatores podem abreviar esse momento tão esperado, numa situação que exige cuidados para garantir a saúde e o pleno desenvolvimento da criança.

Para trazer luz sobre esse tema e conscientizar a sociedade, o dia 17 de novembro é celebrado como o Dia Mundial da Prematuridade — condição que afeta 15 milhões de bebês em todo o mundo, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O parto prematuro

Considera-se um parto prematuro aquele que acontece antes das 37 semanas. Os bebês são divididos em “prematuros extremos”, que vieram ao mundo antes das 28 semanas; “intermediários”, que nascem entre 28 e 34 semanas; e os “prematuros tardios”, entre 34 a 37 semanas. Essa condição pode ser causada por diversas razões, como infecções uterinas e genitais, ruptura antecipada da bolsa amniótica, fraqueza estrutural do colo do útero, gravidez precoce (em adolescentes) ou avançada (idosas), além da anemia e pré-eclâmpsia.

Por vezes inesperada, a prematuridade pode ser prevenida em alguns casos. Para tanto, a paciente deve ter um pré-natal de qualidade, conforme destaca a chefe da UTI Neonatal do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre (RS), Desirée de Freitas Volkmer. “Por isso, o acompanhamento médico é fundamental para detectar qualquer alteração na gestação”, enfatiza.

Quando um bebê nasce de forma prematura, muitas vezes ele necessita de cuidado intensivo, uma vez que ainda não teve o desenvolvimento pleno de todas as funções dos órgãos, a resposta imune e outras condições — o que exige a permanência na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatal. Um quadro que requer atenção especializada e multiprofissional para garantir a sobrevida do recém-nascido.

Com 36 anos de existência, a UTI Neonatal do Hospital Moinhos de Vento tornou-se referência em alta complexidade, com redução expressiva das morbidades e maior sobrevida dos bebês. Envolvendo 115 profissionais, o espaço conta com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionista, psicólogo, farmacêutico, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, entre outros, num trabalho entrosado e dedicado. “A equipe é coesa, todos agregam com seus conhecimentos e sua capacidade técnica, contribuindo para que ideias se transformem em ações, protocolos, novas rotinas e capacitação de todos”, ressalta Desirée, que é pediatra e neonatologista.

Somente nos casos de prematuros extremos, a UTI Neonatal da instituição recebe entre 60 e 70 casos por ano. Em 2020, a sobrevida desses bebês foi de 90%. Desde 2010, o espaço compara seus dados com a Rede Vermont Oxford (VON), banco de dados mundial de UTIs que reportam seus números de modo padronizado, permitindo a comparação de resultados com mais de 1.300 unidades internacionais. Essa dinâmica possibilitou a implementação de culturas de aprendizado contínuo, qualificação do atendimento e da formação da equipe.

A unidade também estimula a interação entre mãe, pai e o bebê. Os familiares recebem capacitação para entenderem o universo da prematuridade e estarem totalmente integrados à rotina das crianças, bem como à atenção prestada aos prematuros durante a internação. “A família deve ser envolvida nesse processo tão delicado. Além do olhar atento e do afeto dos profissionais de saúde que os atendem, o amor e a presença dos pais fazem parte desse processo de cura”, complementa Desirée.

Pandemia da Covid-19

Durante a pandemia, as medidas já existentes para controle de infecções foram reforçadas. No entanto, os pais puderam permanecer na unidade por 24 horas ao dia, mantendo a filosofia de estimular a presença destes ao lado de seus bebês — uma relação com diversos benefícios já comprovados para os prematuros e pais.

Em relação ao vírus, estudos recentes mostram que gestantes sintomáticas com a doença têm maior risco de nascimento prematuro. Todavia, não tem sido observado aumento nas anomalias congênitas ou de mortes neonatais por causa do vírus Covid-19. “Nos nascimentos a termo, caso a mãe esteja contaminada e não haja necessidade de cuidados intensivos para ela ou o bebê, os mesmos devem permanecer em alojamento conjunto, com a recomendação do aleitamento materno”, observa Desirée.

Telemedicina

Em parceria com o Ministério da Saúde, o Hospital Moinhos de Vento, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), recruta hospitais de todo o Brasil para participar do projeto TeleUTI. A iniciativa oferece suporte direto aos profissionais de saúde que trabalham em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, adultas e neonatais  de hospitais públicos e filantrópicos com atendimento 100% SUS e, para o triênio 2021-2023.

Neste triênio, estão em acompanhamento pacientes críticos atendidos em unidades de terapia intensiva neonatais do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande (PB), e do Hospital Pedro Bezerra, em Natal (RN). Por meio de um equipamento controlado remotamente, o robô se desloca pela unidade, sendo utilizado para exibir os pacientes em imagens de alta definição e permitir a comunicação à longa distância entre os especialistas do Moinhos de Vento e das instituições atendidas.

Redação

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