Planos de saúde ficam no zero a zero e usuários pagam muito caro: como fechar essa conta?

O debate ao redor do aumento das despesas assistenciais dos planos de saúde no sistema de saúde suplementar no Brasil é frequente em nossa sociedade. Recentemente, os Planos de Saúde tiveram o maior prejuízo operacional já registrado, de R$ 11.5 bi. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou os dados econômico-financeiros relativos ao quarto trimestre de 2022 com informações financeiras enviadas pelas operadoras de planos de saúde.

Segundo o levantamento, o setor fechou o ano de 2022 praticamente sem lucro, com o registro de lucro líquido de R$ 2,5 milhões. Comparado com a receita efetiva de operações de saúde — o principal negócio, de R$ 237,6 bilhões —, esse lucro representa apenas 0,001% (para cada R$ 1.000,00 de receita, R$ 0,01 de lucro).

“Cabe ressaltar, que desde a década de 80, gestores, no campo da saúde, deparam-se frente ao desafio de encontrar soluções para a organização e o funcionamento dos sistemas de saúde face ao aumento das despesas com assistência médico-hospitalar e seus efeitos sobre o bem-estar da população, as mudanças demográficas e epidemiológicas e o progresso contínuo das tecnologias médicas. Atualmente, esse desafio acentua-se devido à pouca transparência das relações e assimetria de informações entre os agentes do setor de saúde, a falta de indicadores de qualidade, além do alinhamento quanto ao significado de eficiência”, afirma Fábio Gonçalves, diretor técnico da Asap.

Quanto mais cedo os stakeholders do setor alinharem seus incentivos em prol de uma Agenda de Gestão de Saúde Populacional (GSP), maiores serão as chances de gerenciar eficientemente as alavancas que impactarão na redução do desperdício dos recursos, na melhoria da qualidade do cuidado e melhor experiência dos usuários com o sistema de saúde. A GSP tem como objetivos reorientar o sistema na direção de melhores resultados clínicos e econômicos, da redução das disparidades de cuidados, da diminuição da prevalência de doenças crônicas, e também do realinhamento do financiamento da saúde. É necessário “evitar” ou “reduzir” a curva trajetória ascendente dos gastos com saúde”, Fábio Gonçalves- Diretor Técnico da Aliança para Saúde Populacional(Asap).

Uma das soluções para esse problema pode estar em uma certifficação. Diante desse cenário a Aliança para a Saúde Populacional – Asap, com o objetivo de disseminar conhecimentos, compartilhar boas práticas e engajar empresas, prestadores de serviços e operadoras de saúde, ao redor da causa – GSP, foco de sua atuação. A entidade, sem fins lucrativos, lança agora dois manuais de certificação: Manual de Certificação de Programas de Gestão de Saúde Populacional para Prestadores de Serviços e o Manual de Certificação Gestão de Saúde Populacional Corporativa. Segundo o presidente da Asap, Cláudio Tafla, a Aliança faz destes manuais um marco estratégico. “Oferecendo um roteiro para a criação de uma GSP mais eficiente para o futuro, e reforçando seu compromisso em disseminar o conceito de GSP de forma a influenciar e maximizar o impacto na saúde e na sustentabilidade deste sistema”, explica o presidente da Asap.

Tafla afirma, ainda, que programas de GSP, presentes em modelos praticados nos últimos anos, mostram que o investimento nessa área, leva à melhoria na qualidade de vida, na saúde da população assistida, no aumento na produtividade e consequentemente nos resultados das empresas. Se considerarmos os gastos com perda de produtividade resultantes do absenteísmo e presenteísmo, esses investimentos ficam ainda mais relevantes.

A Certificação é um reconhecimento público do cumprimento dos padrões exigidos por uma organização. O objetivo do Manual de Certificação para Prestadores de Serviço é preconizar os padrões e requisitos para a avaliação das iniciativas (planejamento, execução e resultados) dos programas de promoção de saúde e prevenção de agravos de doenças, com foco na qualificação dos prestadores para programas estruturados em GSP. Ele traz assuntos como: Definição do Programa de Gestão de Saúde Populacional (GSP), Estratificação do risco e avaliação da saúde dos participantes do programa, Monitoramento do Programa de Gestão de Saúde Populacional (GSP), Estratégias de Inclusão-Engajamento e Incentivos-Recompensas, Modalidades de Comunicação, Tipos de Intervenção dos Programas de Gestão de Saúde Padrões e Requisitos, Gestão de Doenças Crônicas, Programa de Gestão de Bem-estar (Wellness) – Promoção de Saúde e Qualidade de Vida, Programa de Monitoramento da Adesão à Medicação Resultados do programa, Metas de Avaliação, Medidas Operacionais e Resultados do Programa de Gestão de Saúde Populacional (GSP) e Requisitos de Excelência.

Redação

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