Telemedicina pode reduzir o número de pacientes em prontos-socorros

Diferentemente de países como Estados Unidos, Inglaterra e Portugal, que já regulamentaram a telemedicina, no Brasil, o assunto ainda está em franca discussão. Segundo o diretor superintendente de Medicina Diagnóstica e Ambulatorial do Hospital Israelita Albert Einstein, Eliézer Silva, cerca de 40% dos pacientes que procuram os prontos-socorros apresentam problemas mais simples, de baixa complexidade e, se fizessem atendimentos online, muitos deixariam de utilizar o PS. A taxa de resolução da telemedicina é de 80% para esses casos.

Para Eliézer, que é doutor em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo e Livre-docente pela Universidade de São Paulo (USP), a telemedicina melhora a qualidade do atendimento ao proporcionar troca de conhecimentos entre especialistas e generalistas, aumenta o acesso à saúde, considerando áreas remotas sem médicos, como zona rural e plataformas de petróleo, reduz filas de pacientes que aguardam atendimento especializado, além de diminuir a utilização de recursos de saúde como pronto-socorro.

A telemedicina – área da telesaúde – se caracteriza por atendimentos e serviços médicos à distância por meio de plataformas digitas. A tecnologia pode ser utilizada em várias esferas da saúde, como consultas com um médico ou mais, consultas entre médicos para segunda opinião de diagnósticos, leitura de exames, monitoramento de pacientes e até cirurgias à distância.

“É importante frisar que a telemedicina deve ser encarada como uma opção de atendimento. Ela não substitui a visita presencial, mas pode evitá-la caso não seja essencial. Como o Brasil é caracterizado por heterogeneidade na qualidade dos serviços prestados, acesso desigual da população aos serviços de saúde e um claro subfinanciamento, a telemedicina pode impactar todas essas questões, melhorando a qualidade do processo assistencial, aumentando o acesso e reduzindo custos”, acrescenta Silva.

A mesma opinião é compartilhada pelo médico espanhol Manuel Grandal, mestre em Bioética, Saúde Pública e Administração em Saúde, além de Gestão Médica e Gestão Clínica, a telemedicina mantém um nível de eficácia clínica semelhante a das consultas presenciais, promove maior acesso à saúde – em qualquer horário e local sendo necessária apenas uma conexão – e expande a cobertura de especialistas médicos para todos os cidadãos em território nacional.

O profissional ainda vai além: ele acredita que o uso da telemedicina colabora com um setor mais sustentável, trazendo mais qualidade da assistência médica, otimizando processos clínicos, além de evitar um desperdício de 20% a 90%. “Nas últimas décadas, assistimos a um processo progressivo e irreversível de transformação digital. A telemedicina fornece soluções em todos os campos da saúde e será cada vez mais uma das inovações tecnológicas que contribuirão no século XXI como instrumento de melhoria da qualidade da assistência médica”, acrescenta Grandal.

Embora as evidências de pesquisas e experiências existentes tenham demonstrado a utilidade da telemedicina, a adoção da tecnologia nos sistemas de saúde ainda é lenta. Para o espanhol, o processo de transformação digital da saúde enfrentará desafios relacionados à tecnologia, processos, avaliação, modelos de negócios e necessidades de novos perfis profissionais, por exemplo.

Ainda segundo ambos os profissionais, a telemedicina também pode colaborar com ações de Atenção Primária à Saúde. Na prática, a tecnologia poderia ser utilizada para acompanhamento da saúde e estilo de vida, alertando quando o paciente precisa de uma consulta, quando precisa retornar ao médico, quando precisa de um especialista ou de um exame, por exemplo.

Redação

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