Em quatro meses de isolamento social, já ficou claro para todos, sejam do segmento médico ou não, que a telemedicina se expandiu e é um caminho sem volta. Diferentemente do que muitos pensam, ela não começou com a pandemia da Covid-19. Na verdade, sempre existiu o atendimento a distância, mas de maneira informal. Quem nunca fez uma pergunta a um médico por telefone, e-mail, WhatsApp ou qualquer ferramenta de interação? Porém, esse modelo contemplava um público extremamente reduzido e dependia diretamente da relação próxima com o profissional.
Os aplicativos de telemedicina chegaram com o objetivo de resolver as dores das duas partes. Para os pacientes, que poderão ter acesso mais democrático às consultas remotas, intercaladas com as presenciais, otimizando tempo e recursos, e, para os médicos, que terão a possibilidade de maior alcance, além de mais liberdade em seus horários de trabalho.
Adicionalmente, num país de dimensões continentais, a telemedicina pode agilizar o auxílio nas regiões remotas e garanti-lo nas situações em que sejam requeridas especializações não disponíveis na localidade.
Outros fatores, todavia, vão contribuir para a disseminação da telemedicina. De acordo com estudo de mercado feito pela empresa indiana Mordor Intelligence, que monitora diversos ramos de atividade, o segmento deve testemunhar uma taxa de crescimento de 18,5% no período 2017-2025. Colaboram para esse desempenho principalmente a subida dos custos com saúde, as inovações tecnológicas, a popularização do monitoramento remoto de pacientes e a elevação da carga de doenças crônicas.
Segundo a pesquisa, o principal motivo que explica o aumento de custos com saúde é justamente a expansão do uso de serviços no setor, como resultado da maior demanda do consumidor por técnicas inovadoras e recentes. O estilo de vida também contribuiria para essa elevação no uso. Ainda se estima que o atendimento ao idoso seja quatro vezes mais caro do que aos jovens, bem como que a população idosa demande entre 40% e 50% dos recursos de saúde.
A Mordor aponta que a América do Norte é o maior mercado e prevê que a escalada será mais elevado na Ásia. Para o Brasil, a projeção é de aumento pequeno. No entanto, a conectividade será ponto crítico de sucesso: de um lado, haverá múltiplas prestadoras de serviços em telemedicina e, de outro, o varejo farmacêutico e as clínicas – entre vários segmentos –, que precisarão consumir as informações para dispensação de medicamentos (prescrição eletrônica) e realização de procedimentos. Portanto, empresas especializadas nesse tipo de integração passarão a cumprir papel decisivo na escalada da modalidade.
É importante, contudo, discutir o modelo de negócio que viabilizará os custos operacionais. Quem será o pagador deste serviço? Atualmente, existe de tudo um pouco. Alguns aplicativos cobram de médicos; outros, de pacientes ou de operadoras de saúde.
Em resumo, tudo é novo e há vários caminhos a desbravar.
Mario Souza é Gerente de Soluções na Interplayers – O HUB de negócios na Saúde e Bem-Estar